Domingos Paciência arrasador: «Há muito a mudar para que o Sporting volte a vencer»

Domingos Paciência foi arrasador e nem o presidente Godinho Lopes escapou. Leonardo Jardim e o fadista João Braga também não. Pelo meio, diz que não foi contratado por seis meses e revela uma «estória» envolvendo ele próprio, Hugo Viana e Mossoró, na última jornada da Liga.
O treinador do Sporting «abriu o livro». E de que maneira. Falou de «ressabiados», da «muita gente» que fala do Sporting e das mudanças necessárias para que o clube volte de novo a ganhar, para mudar o passado. Aliás foi para isso que Domingos acabou por ser contratado no Verão. Para que este fosse um ano da mudança. Mas o treinador não tem vida fácil. E passou ao ataque.
Fazendo um apanhado do que têm sido os últimos 30 anos, Domingos sublinhou que o Sporting ganhou três títulos. Por isso, e respondendo ao presidente Godinho Lopes, «não é em seis meses que se pode dizer que a equipa está aquém das expetativas».
«Eu vim para este clube não com obrigação, mas com exigência. Não fui contratado para fazer seis meses, mas por dois anos, para conseguir que o Sporting seja diferente. Acredito nestes jogadores, para que isso aconteça».
A crítica fácil, Paulo Bento, Paulo Sérgio e Carlos Carvalhal
Para Domingos Paciência é fácil criticar. «Dá-me a sensação de que às vezes muita gente que por aqui passou parece que fala ressabiada. Muita gente que gostaria de estar aqui parece que fala algo injustiçada. É o mundo do Sporting. Vejam o que disseram os últimos três treinadores que estiveram nesta cadeira: Carlos Carvalhal disse que foi o clube mais difícil para trabalhar, Paulo Sérgio disse que foi o clube em que se sentiu sozinho e sem condições. E o que fez o Paulo Bento? Andou aos 'tiros' aos jornalistas e aos árbitros».
E Domingos continua. «Hoje sou eu que aqui estou, há seis meses. Quando eu sair do Sporting não vou dizer mal deste clube, podem ter a certeza. Não é a minha forma de estar. Não disse mal em Leiria, em Coimbra, Braga e não vou fazê-lo em relação ao Sporting».
«Muita coisa tem que mudar para o Sporting voltar a ganhar»
Com este discurso duro, o treinador pretende «chamar a atenção para diversas coisas que se têm passado neste clube. Para ser aquilo que as pessoas projectam, há que mudar muita coisa para voltar a ser grande. Eu quero ganhar, não quero estar oito anos sem vencer uma Taça. Cabe-me trabalhar e fazer com que estes jogadores daqui por um ano sejam diferentes».
«Há muita gente que consegue falar do Sporting. Muita gente. Eu vejo médicos, vejo fadistas, vejo carpinteiros e parece que sempre de uma forma diferente. Eu não sei como é que o João Guimarães ou João Braga contribuiu para que hoje o fado seja património da humanidade, porque não percebo de fado. Agora toda a gente pode falar de futebol. Estou apenas a dar um exemplo. É fácil bater no Sporting, denegrir a imagem do Sporting, porque quando alguém tenta denegrir a imagem dos outros grandes aí as coisas 'piam' diferente».
Hugo Viana e Mossoró gozaram, Jardim ingrato
No final do jogo do Braga, houve dois jogadores, Hugo Viana e Mossoró que se «viraram para mim e disseram 'toma'. O Hugo Viana não jogava em Valência e ajudei a levantar a carreira dele. O Mossoró era suplente utilizado com o Jorge Jesus, fez um grande campeonato, teve uma lesão grave, fui vistá-lo ao hospital. Podia pensar 'que ingratidão', mas não. Formei dois campeões. Aquilo é a minha imagem. Hoje são jogadores diferentes. Mas também quero um dia ouvir o mesmo do Oguchi, do Ricky. É isso que procuro aqui no Sporting.»
«Ainda hoje vi no jornal uma ingratidão muito grande, mas eu sou grato ao Fernando Couto, por ter trabalhado comigo em Braga e por ter feito com que chegássemos à final da Liga Europa. Hoje alguém vem dizer que o Fernando Couto não interferia em nada do que é a equipa. Eu não consigo fazer isto», disse Domingos, focando as palavras de Leonardo Jardim, treinador do Braga.
Esta quinta feira os leões defrontam o Moreirense, na segunda jornada da 3ª fase da Taça da Liga, precisando de um triunfo para passar à fase seguinte, depois de um empate em Vila do Conde.