
Cavaco Silva na Conferência Mar de Negócios, organizada pela TSF e CGD
Global Imagens/Paulo Spranger
O Presidente da República afirmou hoje, à margem da conferência "Mar de Negócios", organizada pela TSF, que os dados do Banco de Portugal e do INE sobre a economia «não são boas notícias».
«Alertei, no dia 1 de janeiro de 2010, procurando chamar a atenção dos agentes políticos para inverter o rumo que nós estavámos a seguir (...) Nós estamos numa situação de recessão que não conhecíamos há algum tempo, na medida em que em dois anos a economia portuguesa caiu cerca de 4,5%. É uma situação muito, muito pior do que aquela que já se antecipava - mas alguns não quiseram acreditar - e que hoje temos de enfrentar», afirmou Cavaco Silva.
Questionado sobre os dados revelados esta semana pelo Banco de Portugal (BdP) e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a economia e o desemprego, Cavaco Silva disse que «não são com certeza boas notícias» referindo que a «situação internacional, a crise na zona euro, a situação em Espanha não ajudam nada Portugal a ultrapassar a situação insustentável a que chegou nos desequilíbrios da sua economia».
«Mas não podemos deixar de lutar para juntar à consolidação orçamental, elementos de crescimento económico, vindos do investimento privado, vindos do turismo, vindos de uma redução menos brutal do consumo privado, vindos da exportação», defendeu, à saída da sessão de abertura da conferência "Mar de Negócios", uma iniciativa TSF em parceria com a Caixa Geral de Depósitos e a COTEC, que decorre esta quinta-feira em Lisboa.
Os dados revelados quarta-feira pelo INE indicam um agravamento da recessão para 3,4% e da taxa de desemprego que, no terceiro trimestre do ano, atingiu os 15,8%. Também o BdP reviu as projeções para o crescimento económico do próximo ano e antecipa uma recessão de 1,6%, contrariando a projeção do Governo que prevê uma queda de 1%.
O Presidente da República considerou ainda que a União Europeia deve ter em conta que «nenhum outro país está a ser afetado de forma tão forte por aquilo que está a acontecer em Espanha como Portugal. A crise espanhola é um verdadeiro choque assimétrico para Portugal».
«Espero que o Conselho Europeu que vai ter lugar na próxima semana não deixa de ter em conta na discussão das perpetivas multianuais para o período de 2014-2020 a situação de países como Espanha, como a Itália, como Portugal, como a Grécia ou a Irlanda», concluiu.