Muitos reformados desconheciam duodécimos e esperavam receber o subsídio de Natal este mês

Global Imagens/Diana Quintela
O Sindicato da Segurança Social fala num «fluxo anormal» de pensionistas nos últimos dias. Associação de reformados diz que informações são pouco claras. Mudanças constantes e difíceis de explicar baralham muitos idosos.
A Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRE) quer que a Segurança Social explique, com detalhe, os valores que justificam o valor pago mensalmente em cada pensão. Com as constantes trocas nos pagamentos das pensões e subsídios, os últimos dias têm sido de enchente em muitas repartições da Segurança Social. Muitos reformados ficaram baralhados: estavam à espera de receber o subsídio de Natal e não perceberam que este tinha sido pago, em duodécimos, desde o início do ano.
O dirigente da Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública, Luís Pesca, confirma que têm tido um «fluxo anormal de reformados na Segurança Social que estavam convencidos que o subsídio Natal, tal como aconteceu com o subsídio de férias, seria pago por inteiro».
O sindicalista argumenta que os impostos aumentaram e, a partir de janeiro, muitos pensionistas nem perceberam que estavam a receber os duodécimos (ou seja, uma parte do subsídio de Natal todos os meses). Idêntica explicação é avançada por Maria do Rosário Gama, presidente da APRE: o aumento nos escalões do IRS em janeiro foi «encoberto pelos duodécimos do subsídio pois ao fim do mês os reformados recebiam praticamente o mesmo que em 2013».
Contactada pela TSF, fonte da Segurança Social diz que o pagamento em duodécimos do subsídio de Natal foi amplamente divulgado de várias formas, entre elas através da comunicação social.
Apesar dessas informações, a APRE conta que tem recebido vários pedidos de esclarecimento nos últimos dias e sublinha que as pessoas ficam «incomodadas» quando recebem a resposta porque estavam à espera do dinheiro para fazer as compras de Natal ou pagar outras despesas como dívidas.
Maria do Rosário Gama compreende a confusão de muitos reformados que para além de terem dificuldades em perceber estes assuntos têm sido alvo de constantes mudanças no pagamento dos subsídios de Natal e de férias: no ano passado foi de uma nova forma e este ano foi de outra.
A APRE salienta contudo que o problema podia ser minimizado se a Segurança Social (SS) fizesse como a Caixa Geral de Aposentações (CGA) que discrimina a origem do montante da pensão recebida ao fim do mês (cada crédito e cada desconto). Maria do Rosário Gama explica que os pensionistas da CGA olham para essa folha mensal e sabem ao certo o porquê de um determinado valor.
A dirigente da APRE recorda que a falta de esclarecimentos precisos aos reformados da SS sobre as origens das alterações nos valores das pensões já foi alvo, em 2013, de um ofício da Provedoria de Justiça à Secretaria de Estado da Segurança Social. Na altura estavam em causa os cálculos ao abrigo do Orçamento do Estado que significaram uma redução de várias pensões e que muitos reformados não conseguiam compreender.