Secretário de Estado do Turismo pede ao Governo para "sair da frente da vida das empresas"

Adolfo Mesquita Nunes
TSF/Dinheiro Vivo
Adolfo Mesquita Nunes diz que ainda não foi feito o suficiente para libertar a atividade das empresas na economia. Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o dirigente do CDS entende ainda que o partido deve defender mais as liberdades individuais.
O secretário de Estado do Turismo acredita que o Governo deveria seguir o seu exemplo: "O foco devia estar em fazer aquilo que se está a fazer, penso eu, no turismo: sair da frente da vida das empresas. E mais do que olhar para os custos unitários de trabalho, mais do que olhar para os impostos - e as duas questões são evidentemente importantes -, se nada se fizer em sair da frente da vida das empresas e da regulação, não há emprego que possa ser criado".
Adolfo Mesquita Nunes considera que o Governo, "em muitos setores", está a liberalizar a economia, mas defende que "tem de ser mais prioritário".
O secretário de estado critica ainda o partido que representa, considerando que deve ser "mais firme" na defesa das liberdades: "Permitir que as pessoas tenham liberdade para construir o seu projeto de vida, o seu projeto de família, o seu projeto de felicidade e o seu projeto de emprego", afirma.
"Sempre que o CDS, ou o Governo ou outro agente político direciona as pessoas para determinados comportamentos, sejam morais, sociais, económicos ou de solidariedade social, sempre que os direciona eu penso que está a trair essa noção liberdade".
Em causa está a regulação de comportamentos individuais em diversas áreas, "como seja fumo ou alimentação", ou "quando se direciona investimentos para determinadas áreas, ou quando elementos do Governo emitem opiniões sobre em os setores em que as pessoas devem investir".
Coligação e PS "têm de chegar a acordo na Segurança Social"
Adolfo Mesquita Nunes considera ainda que "há demagogia" no debate político sobre a segurança social: "Não posso acreditar que os nossos agentes políticos, nos quais eu me incluo, vão continuar a tratar a segurança social como uma matéria em que de um lado estão os bons e do outro lado estão os maus".
Defende, por isso, um acordo de regime: "Não posso acreditar que os três partidos não possam escolher retirar esta matéria do combate político, e, depois das eleições, seja com que governo for, não possam chegar a um acordo". O dirigente do CDS diz que, nesse caso, PSD/CDS e PS teriam de mostrar em que parte cederam.
TAP "seria facilmente substituída"
Nesta entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Adolfo Mesquita Nunes diz que se a TAP acabasse um dia, seria facilmente substituída por outras empresas aéreas, por considerar que o mercado português é "concorrencial" e tem um "mercado turístico relevante". Ressalva, no entanto, que esse não é o objetivo do Governo e que privatizar é uma melhor solução do que reestruturar a companhia.
Reconhece, ainda assim, que uma eventual falência da TAP criaria dificuldades ao turismo português por um curto período de tempo.
Câmara de Lisboa "desistiu de cobrar a taxa aos turistas"
Em relação à taxa turística imposta pela Câmara Municipal de Lisboa no aeroporto de Lisboa, Adolfo Mesquita Nunes está convencido de que a câmara já desistiu da ideia para o próximo ano. "A câmara desistiu de cobrar uma taxa aos turistas, foi o que sucedeu, e desistiu porque percebeu porque não só está em causa o pagamento de um valor, como a absoluta impossibilidade de a cobrar, com a exceções que a câmara previa".
Para o secretário de Estado, esta dificuldade na cobrança vai fazer com que "a taxa desapareça ou que fique na situação em que estamos", em que a ANA, que gere os aeroportos, suporta a taxa turística. Este ano a ANA vai pagar entre 3,6 e 4,4 milhões de euros, dependendo dos turistas que cheguem de avião.