Relatório aponta Portugal como campeão da desigualdade na repartição de rendimentos

Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade. Sobre estes números, o Governo remete explicações para o Executivo anterior.
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O Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) conclui que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos Estados-membros do que nos Estados Unidos.
"Apenas Portugal apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos", sublinha ainda o documento.
Os dados em causa referem-se a 2004. Num comentário a estes dados, o padre Lino Maia, presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social acredita que agora a situação social do país ainda é mais grave.
Também ouvido sobre esta questão, Paulo Portas, o líder do CDS-PP, diz que é junto dos idosos que a situação é mais grave.
O relatório é o principal instrumento que a Comissão Europeia utiliza para acompanhar as evoluções sociais nos diferentes países europeus.
Os indicadores de distribuição dos rendimentos mostram que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, nomeadamente a Suécia e Dinamarca.
"Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual", salienta o documento que revela não haver qualquer correlação entre a igualdade de rendimentos e o nível de resultados económicos.
Mas se forem comparados os coeficientes de igualdade de rendimentos dos Estados-membros com o respectivo PIB (Produto Interno Bruto) por habitante constata-se que os países como um PIB mais elevado são, na sua generalidade, os mais igualitários.
Entretanto, o Governo sentiu necessidade de sublinhar que estes dados são referentes àgovernação social-democrata e que os actuais são bem diferentes, remetendo explicaçõespara o Executivo anterior, na altura em que Bagão Félix era o tritular da pasta da Segurança Social e solidariedade.
Num contacto feito pela TSF, o gabinete do ministro Vieira da Silva apenas indica que os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística ao Gabinete de Estatísticas da União Europeia são agoradiferentes, atenuando as disparidades, mas o gabinete do inistronão concretiza esses dados.
Bagão Félix, contactado igualmente pela TSF, remeteu uma explicação para esta sexta-feira.