
António Barreto
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Em entrevista à TSF, António Barreto criticou a obrigação de nomeação de todos os directores-gerais com a posse do novo Governo, o «maior fenómeno de partidarização» que conhece.
António Barreto indicou que o Governo de Pedro Passos Coelho será confrontado nos próximos dias com a tentação de partidarizar a máquina do Estado, o que constitui o seu primeiro grande desafio.
Entrevistado pela TSF, este sociólogo critica o facto de os mandatos de centenas de dirigentes da Administração Pública cessarem com a tomada de posse do novo Governo e avisa que há já gente que se está a preparar para o assalto a esses lugares.
«Os gabinetes de advogados, de empresas, de consultadorias, de consultores, de tráfico de influências estão a organizar-se e devem estar a preparar-se para atacar o novo Governo», lembrou.
Perante a necessidade de nomear 300 a 400 directores-gerais nos próximos dias e «mais mil ou dois mil tal pessoas para mil e um cargos», António Barreto criticou o facto de ser a própria lei a obrigar a esta situação.
«Na lei diz que o mandato dos directores-gerais cessa no dia da tomada de posse [do novo governo]. Isto é o maior fenómeno de partidarização e corrupção política da Administração Pública que conheço em qualquer país europeu», frisou.
António Barreto lembrou ainda que os «grupos estão a olhar para quem nomeia quem e quem nomeia o quê, para fazer o quê, para adjudicar, para os empregos, etc».
«Se o Governo não tiver coração gelado relativamente a isto espalha-se em seis meses, espatifa-se em seis meses. Porque com isto dentro de casa e com a população a sofrer sem saber porquê é a receita para o desastre», concluiu.