Cientistas encontraram as ruínas de um templo inca, submerso no lago Titicaca. A descoberta, que inclui também a Porta do Sol, a pirâmide de Akapana e o templo de Kalasasaya, ajudará a compreender um período de três a quatro séculos da cultura de Tiwanaku.
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Um grupo de cientistas brasileiros e italianos encontraram as ruínas de um templo inca, construído, possivelmente, há mil ou mil e quinhentos anos, submerso no lado boliviano do lago Titicaca, situado a 3.800 metros acima do nível do mar na fronteira entre a Bolívia e o Peru.
A expedição, formada por 30 especialistas brasileiros e italianos da sociedade científica Akakor Geographical Exploring, que investigaram locais arqueológicos nas zonas lacustres de Copacabana e nas ilhas do Sol e da Lua durante 15 dias, foi liderada pelo italiano Lorenzo Epis e incluiu mergulhos a grandes profundidades de forma a verificar a existência de construções antigas submersas no lago Titicaca, com seis mil quilómetros de extensão.
Além da descoberta de várias peças de cerâmica das culturas incas e tiwanacota, os cientistas conseguiram, ainda, tirar fotos e filmar uma construção de cerca de 250 metros de comprimento por 50 metros de largura, submersa na parte mais profunda do lago, que, segundo Epis, se assemelha a um templo.
«O templo existe mas não se trata de uma cidade submersa», confirmou o chefe da expedição.
O grupo localizou, também, uma ilha dentro do Titicaca, com cerca de três quilómetros de extensão por 600 metros de largura, submersa a 20 metros de profundidade. No local existem trilhas calçadas de pedras que, segundo os pesquisadores, foram construídas pelos incas.
A história do passado
A sociedade científica, que reuniu na Bolívia especialistas nos campos da geologia, paleontologia, biologia, antropologia, sociologia, medicina, psicologia e espeleologia aquática, com o objectivo de localizar sítios arqueológicos submersos ou em terra, deu assim por concluída a primeira fase da expedição.
A dez quilómetros da margem do Titicaca encontra-se Tiwanaku, a primeira cidade planeada na região e berço da civilização Tiwanacota, considerada pelos arqueólogos o primeiro império andino.
As descobertas, entre elas a Porta do Sol, a pirâmide de Akapana e o templo de Kalasasaya, em bom estado de conservação, ajudarão os historiadores a entender um período de três a quatro séculos da cultura Tiwanaku, que segundo os arqueólogos existiu mil e duzentos anos antes de Cristo.
Recorde-se que em 1976, o oceanógrafo francês Jacques Cousteau tentou, sem sucesso, localizar ruínas de construções no lago Titicaca, e em 1988 uma expedição da National Geographic também não obteve resultados.
Os incas, cujo império compreendeu um território de um milhão e meio de quilómetros quadrados localizado entre os actuais Peru, Bolívia, Equador, Chile e Argentina, foram a civilização mais importante da América pré-hispânica, com uma organização sócio-política desenvolvida e uma população estimada entre quatro a seis milhões de pessoas.