A região de Santarém passou hoje a ter uma nova travessia sobre o Tejo, com mais de quatro quilómetros. A Ponte Salgueiro Maia foi inaugurada pelo primeiro-ministro, António Guterres.
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A Ponte Salgueiro Maia, a segunda maior ponte portuguesa, ligando Santarém a Almeirim, foi hoje inaugurada pelo primeiro-ministro, António Guterres.
Na cerimónia de inauguração da nova travessia, a mais extensa depois da Vasco da Gama, Guterres esteve acompanhado pelo ministro do Equipamento, Jorge Coelho, e outros membros do Governo, além dos autarcas da região de Santarém.
Entre os convidados conta-se a Associação 25 de Abril, de que o capitão Salgueiro Maia - um dos principais protagonistas do 25 de Abril de 1974 - foi um dos fundadores.
Os bombeiros da região, citados pelo Diário de Notícias, criticaram já os atrasos na aprovação de um plano de emergência e a falta de iluminação nos viadutos, alertando ainda para a falta de meios que limitam a capacidade de intervenção em caso de acidente.
A nova travessia - a 13ª rodoviária entre as duas margens do Tejo em território português - entre Santarém, na margem direita, e Almeirim, na margem esquerda, entra ao serviço pouco mais de dois anos após a inauguração da Ponte Vasco da Gama, e quase 119 depois da Ponte D. Luís, em Santarém.
A Ponte D. Luís - um dos melhores exemplares da arte do ferro em Portugal -, com a extensão de 1 213 metros e uma altura de 22, começou a ser construída em Abril de 1876 e foi inaugurada em 17 de Setembro de 1881.
A infra-estrutura alterou profundamente as ligações rodoviárias entre as duas margens do Tejo, aumentando a importância de Santarém e da sua região.
O investimento na Ponte D. Luís, então a maior da Península Ibérica, foi de um pouco mais de 376 contos de reis.
A nova travessia sobre o rio Tejo - caracterizada pela Ponte Salgueiro Maia, com 570 metros de extensão e um conjunto de viadutos de acesso com cerca de quatro quilómetros sobre o Tejo, entre Santarém e Almeirim, representa um investimento estimado em 16,2 milhões de contos (81 milhões de euros).
O autor do projecto é Câncio Martins, o mesmo da Ponte da Via do Inafante em Castro Marim/Vila Real de Santo António e da ponte de Macau, que apresentou neste caso mais uma obra de estética atraente.
Ponte e viadutos de acesso atravessam toda a zona da lezíria, que assim é preservada.
O dono da obra é o Estado, através do Instituto para a Construção Rodoviária (ICOR), sucessor da ex-JAE. A adjudicação foi feita ao consórcio Conduril/Moniz da Maia, Serra e Fortunato por 12,8 milhões de contos (64 milhões de euros).
A construção começou em Janeiro de 1997 e o prazo de conclusão da obra foi estabelecido em 900 dias, o que significa que o prazo foi ultrapassado em cerca de um ano.
A nova travessia integra-se num lanço de 10,8 quilómetros do Itinerário Complementar 10 (IC10), previsto no Plano Rodoviário Nacional (PRN 2000), uma variante à actual Estrada Nacional 114 (EN114), que atravessa o Tejo na centenária Ponte D. Luís. A empreitada, designada por IC10/Ponte sobre o rio Tejo em Santarém e acessos imediatos, inclui a ponte com a extensão de 570
metros, um viaduto de acesso à margem direita (Santarém), com a extensão de 1 562 metros, outro de ligação à margem esquerda (Almeirim), com 2 266 metros.
O empreendimento integra dois viadutos sobre a ribeira das Fontaínhas, um com 669 metros de extensão, outro de 220, além de 16 restabelecimentos de estradas e caminhos, dos quais cinco são passagens superiores e três inferiores, com destaque para uma sob as condutas de água da EPAL, do adutor de Castelo do Bode.