«A partir de agora quem se meter com o PS leva!». A afirmação é de Jorge Coelho numa alusão às declarações «inadmissíveis e absurdas» do Bastonário da Ordem dos Advogados. No encontro do PS/Braga, o ex-ministro não esqueceu recados internos nem a descentralização.
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O dirigente socialista Jorge Coelho disse hoje, numa alusão às declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados, Pires de Lima, que «a partir de agora quem se meter com o PS leva!».
«As declarações do Bastonário são inadmissíveis e absurdas e já mereceram uma resposta do PS e do Ministro António Costa, mas é preciso que se saiba que este tipo de insultos não vão ficar sem uma resposta dos socialistas», advertiu.
Para Jorge Coelho, num estado democrático a crítica é aceitável, mas o mesmo já não sucede com faltas de respeito ao Governo ou ao primeiro-ministro eleito pelo sufrágio dos portugueses.
«Este tipo de actuação desrespeitosa apenas descredibiliza aqueles que a ela recorrem e, no caso, a instituição que o Bastonário representa», acentuou, durante uma reunião convocada pela Federação do PS de Braga, liderada por Joaquim Barreto e na presença de várias centenas de socialistas.
As críticas de Jorge Coelho a Pires de Lima surgiram no final de uma intervenção que galvanizou os militantes e autarcas presentes, que se disseram confortados com a força transmitida pelo ex-ministro e se multiplicaram em apelos à «união» e ao «cerrar fileiras», face a alguma «tristeza» ou mesmo «desgosto» que - disseram alguns militantes e dirigentes locais - vem atingindo os socialistas.
Descentralização e recados internos
No seu discurso, Jorge Coelho considerou, também, a descentralização administrativa do país a primeira das tarefas que compete ao Governo concluir no quadro do programa sufragado nas urnas pelo eleitorado.
«Fomos eleitos para cumprir o programa que apresentamos e é nesse caminho que nos devemos manter com firmeza», salientou Jorge Coelho lamentando que se tenham cometido alguns erros.
«O PS e o Governo estão em condições de reordenar o rumo», garantiu Jorge Coelho que não se furtou a mandar um recado aos críticos internos - sem nomear quem quer que fosse - ao dizer que «alguns dos que passam a vida a criticar o próprio partido deveriam dedicar metade desse tempo a criticar os adversários dos socialistas e o PSD em especial».
A «consciência crítica» do PS
Procurando apresentar-se como uma espécie de «consciência crítica» do PS e das suas bases face ao momento «difícil» que o Governo atravessa, Jorge Coelho disse que o partido não se pode ficar pela aprovação das uniões de facto e da pílula do dia seguinte, antes tem de ser capaz de avançar com as reforma estruturais mesmo que isso desagrade a alguns.
Defendeu a continuação da reforma fiscal e a sua explicação aos portuguesas, argumentando que «ela beneficia os trabalhadores por conta de outrém e foram eles que votaram no Partido Socialista».
«Temos que prosseguir no nosso rumo e ser capazes de manter a nossa própria agenda política, mesmo que isso implique o afrontamento de interesses instalados», declarou, reconhecendo que tem havido erros de comunicação com os cidadãos.
Defendeu também o prosseguimento da reformas nos sectores da Saúde e da Segurança Social, argumentando que é necessário melhorar e modernizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em benefício dos mais desfavorecidos e prosseguir o caminho das mudanças na Segurança Social, garantindo, em simultâneo a viabilidade do sistema.
Seguir o rumo marcado, defendem apoiantes
Após a intervenção do dirigente socialista, vários foram os oradores que exortaram o Governo a prosseguir no rumo traçado, como aconteceu com Mota Prego de Guimarães para quem «o Governo tem de liderar e não de ser liderado».
O autarca de Braga, Mesquita Machado, insistiu no tema da descentralização e considerou que o PS nunca deveria ter aceite os referendos à Regionalização e ao Aborto, enquanto que António Magalhães de Guimarães lamentou que «tenham posto na rua» o ex- ministro Fernando Gomes só porque foi feita uma campanha «orquestrada» contra ele.
No final da reunião, Jorge Coelho disse aos jornalistas que desconhecia a intenção da União das Misericórdias de pedir um referendo à criação de «salas de chuto», sustentando que o PS tem um programa para cumprir e não pode hesitar.