O presidente do PSD-Madeira acusa as «instituições» de Lisboa de serem «fascistas e colonialistas». No Chão da Lagoa, João Jardim defendeu o fim dos contenciosos, na questão das autonomias, e uma Constituição que mude o sistema político.
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Alberto João Jardim quer mais poderes para a Madeira defendendo que o arquipélago tem todo o direito de fazer leis, sem estar sujeito às autoridades de Lisboa, cujas instituições têm um «comportamento fascista e colonialista».
«[O povo madeirense] sabe respeitar a competência reservada à Assembleia da República, mas entende que tirando esse aspecto, nós temos de fazer livremente as nossas leis sem estar sujeitos a apreciações discricionárias e fascistas de instituições que deviam julgar com isenção e que têm um comportamento fascista e colonialista», afirmou o líder do PSD-Madeira.
Na festa social-democrata do Chão da Lagoa, que não contou com a presença de Durão Barroso, «o líder mais autonomista depois de Sá Carneiro», segundo João Jardim, o presidente do Governo Regional da Madeira defendeu a não existência de contenciosos entre os portugueses, na questão das autonomias.
O líder madeirense mostrou disponibilidade para discutir uma solução constitucional para o assunto e acusou também Lisboa de ser a causadora do conflito e que esta atitude demonstra que a Madeira não é querida «no seio da Pátria Portuguesa».
Socialistas deixaram uma «macabra herança»
O presidente do Governo Regional da Madeira, falando no seu habitual tom exaltado, acusou ainda alguns políticos de Lisboa de «separatistas» e prometeu ajudar, sem ceder à autonomia, na luta contra «o descalabro daqueles indivíduos, daqueles incompetentes [do PS] que, com o que fizerem ao país, só demonstraram que não são patriotas», afirmando que os socialistas deixaram uma «macabra herança».
«Apesar da herança do fascismo, a esquerda comeu-a, bebeu-a e os portugueses não viram nada, mas quanto à macabra herança do socialismo estamos agora numa situação em que a temos de pagar», acrescentou.
«III [República] está moribunda»
João Jardim defendeu ainda que a próxima revisão constitucional tem de reformar o sistema político e se isso não acontecer terá de ser eleito, em 2006, um presidente que referende a Constituição da República.
Para Jardim, sem Constituição não haverá uma IV República e isso é mau porque a «III [República] está moribunda».
«Em cada freguesia, em cada concelho, em cada distrito têm que nascer células, têm que nascer grupos de cidadãos dispostos a mudar e, nas eleições presidenciais, eleger um presidente contra os partidos velhos, um presidente que faça como o general de Gaulle, que devolva a soberania ao povo, que está impedido de referendar a Constituição», afirmou.