A chanceler alemã, Angela Merkel, tentou hoje minimizar a controvérsia em torno da proposta alemã de colocar a Grécia sob uma vigilância orçamental comunitária.
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«Creio que estamos a debater um aspeto que devemos discutir», afirmou Merkel, à entrada da cimeira informal de líderes da União Europeia (UE), hoje a decorrer em Bruxelas, esclarecendo que a proposta alemã pretende responder à questão: «o que pode fazer a Europa para que a Grécia cumpra as medidas acordadas?».
«Isso só poderá acontecer se a Grécia e os restantes Estados-membros abordarem» a questão durante as conversações, realçou a líder alemã.
Angela Merkel sublinhou que não quer gerar qualquer tipo de controvérsia, apenas criar espaço para um debate que possa gerar resultados positivos para os gregos.
O jornal Financial Times noticiou no sábado que a Alemanha propôs que Atenas permita a uma autoridade orçamental vigiar o orçamento, incluindo as decisões sobre impostos e despesa pública.
O governo alemão confirmou a existência de propostas para nomear um comissário europeu que controle o orçamento da Grécia, sublinhando que os respetivos debates «estão ainda a um nível de trabalho abstrato», no âmbito do Eurogrupo.
«Há um país onde a aplicação do programa de ajustamento financeiro está a decorrer com dificuldades, que é a Grécia, e o objetivo é ver o que se deve fazer se a situação se prolongar durante muito tempo», disse o porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Martin Kotthaus.
«Trata-se de exercer um maior controlo e uma maior supervisão orçamental» sobre a aplicação dos programas de ajustamento negociados por Atenas com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), em troca do empréstimo de 110 mil milhões de euros concedido em 2010, esclareceu então o mesmo responsável.
As notícias sobre a eventual nomeação de um comissário europeu para fiscalizar as contas gregas provocou duras reações de protesto do governo de Atenas.
«Quem põe um povo perante um dilema entre a ajuda financeira e a dignidade nacional, ignora as lições históricas fundamentais», advertiu o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos.