Na Bélgica há vozes a pedir ao Rei Filipe para travar a lei que alarga às crianças o direito de eutanásia. A TSF foi ouvir alguns especialistas sobre a decisão do parlamento belga.
A decisão do parlamento belga não deixa margem para dúvidas. Apesar da polémica que corre nas redes sociais, o pai da lei que permite alargar a morte medicamente assistida a crianças e adolescentes, Philippe Mahoux, manifestou-se satisfeito com o resultado da votação.
A lei foi aprovada no parlamento com 86 votos a favor, 44 contra e 12 abstenções. Ainda assim, um grupo de 200 clínicos enviaram uma carta aberta ao presidente da assembleia parlamentar, dizendo que a lei que permite a eutanásia infantil não responde a uma necessidade alguma vez evocada.
Na Internet corre também uma petição que está a reunir assinaturas com uma mensagem dirigida ao rei Philippe, a sensibilizá-lo para que não aprove a mais assustadora lei do mundo.
Em Portugal, Miguel Oliveira da Silva, médico e presidente do Conselho de Ética para as Ciências da Vida, diz ter sérias dúvidas sobre a maturidade de um menor para tomar uma decisão drástica como por fim à própria vida.
A estas reservas do médico Miguel Oliveira da Silva, a professora universitária Laura Ferreira dos Santos - defensora da eutanásia - contrapõe o contexto em que a lei é aprovada na Bélgica, isto é, um país onde a eutanásia dos adultos é legal há uma dúzia de anos.
Laura Ferreira dos Santos escreveu o livro «Ajudas-me a Morrer». Na conversa com a TSF, esta esta investigadora diz não entender os argumentos de quem - na Bélgica - contesta a mudança legal.
Laura Ferreira dos Santos tem defendido a eutanásia em Portugal, uma questão que, para o médico Miguel Oliveira da Silva, continua a não fazer sentido no país.
«Gostaria isso sim de ver a funcionar uma lei sobre diretivas antecipadas da vontade, que foi aprovada há ano e meio, que praticamente não funciona por incompetência da Direção Geral da Saúde que não consegue que um mecanismo essencial - o chamado registo nacional de testamento vital - funcione», adianta o médico.