Os líderes políticos da Catalunha apelaram hoje no parlamento regional ao consenso e à união a favor da realização da consulta sobre o futuro da região, a 9 de novembro.
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A consulta marcou o arranque do segundo dia do Debate de Política Geral, que começou com a intervenção do líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, que manifestou a disponibilidade do seu partido para entrar no Governo regional.
«Estamos dispostos a ajudar de todas as maneiras possível. Temos dito que se o Governo necessita de nós para blindar a consulta, nós encantados de estar aí para a blindar», afirmou Junqueras. «Queremos que a consulta se realize, evidentemente, com todas as garantias democráticas. A consulta é o que gera mais unidade e consenso e, como tal, tem que ser preservado», disse ainda.
Para Junqueras a consulta «é o único instrumento» dos catalães que, por isso «não querem renunciar a ela», e o modelo que suscita «mais consenso entre os cidadãos».
«Se a soberania recai nos nossos cidadãos, estamos obrigados a que tudo chegue a bom porto. A unidade e o consenso manifestaram-se nas ruas de Barcelona este 11 de setembro. O desafio é imenso, além de delicado e, por isso merece que o cuidemos entre todos», disse.
Na réplica, o presidente do Governo regional, Artur Mas, concordou com Junqueras sublinhando que a consulta de 9 de novembro é «o melhor instrumento» disponível no momento atual. «Que se pressupõe que quer fazer o presidente e quem pode estar mais interessado em votar que eu quando 80% do país o pede?», questionou Mas.
«Estamos decididos a que a pergunta acordada tem que ter resposta e essa resposta é dos cidadãos. Este é o elemento chave. De que serve ter data e pergunta se a resposta não poder ser dada num processo com estas características (de consulta)», disse.
«Quero transmitir uma mensagem de confiança e dizer que faremos as coisas para ter a resposta que temos que dar e para que esta resposta seja respeitada, ainda que a alguns não gostem de a ouvir», considerou Mas.
O Debate de Política Geral foi aberto na segunda-feira pelo presidente do Governo regional, Artur Mas que anunciou que convocará formalmente a consulta sobre o futuro da Catalunha para 9 de novembro depois da aprovação da nova lei de consultas pelo parlamento catalão, na sexta-feira.
«A consulta de 9 de novembro não é juridicamente vinculativa. Tem cariz consultivo, de acordo com a lei que a apoiará. É evidente que tem consequências políticas e não são menores. Mas as consequências são basicamente políticas e é tarefa dos bons políticos soldar a legitimidade com a legalidade», afirmou.
Na única parte do seu discurso que não estava escrita, Mas deixou a porta aberta a convocar eleições antecipadas se a 9 de novembro não for possível realizar a consulta com plenas garantias democráticas. «Se pudesse, gostava de acabar a legislatura quando está previsto, no final de 2016. Mas para que isto assim seja temos de votar a 9 de novembro com plenas garantias democráticas», afirmou.