Em entrevista à RTP, o cardeal patriarca de Lisboa diz que os mesmos que receiam que Portugal não possa pagar as dívidas são aqueles que «obrigam-nos a pagar mais».
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O cardeal patriarca de Lisboa revelou, esta sexta-feira, que convive mal com o comportamento dos agentes financeiros internacionais integrados nas agências de rating, que «servem interesses não sei de quem».
Em entrevista à RTP, D. José Policarpo notou que estes receiam que Portugal não tenha dinheiro para pagar as suas dívidas mas, por outro lado, «obrigam-nos a pagar mais e aumentam os juros, ou seja, agravam a saúde do doente em vez de lhe darem saúde para poder viver».
Este membro da Igreja Católica apelou ainda ao acordo entre as várias forças políticas e admitiu que esperava que os «partidos pusessem de parte particularismos e se juntassem num grande projecto que fosse nacional».
«Os portugueses não vão esquecer isso. Ainda estão a tempo de o fazer, mas se não o fizerem porão em questão a própria estrutura política actual, porque estamos a viver uma crise do exercício da democracia», adiantou.
D. José Policarpo defendeu ainda que depois das legislativas de 5 de Junho o Presidente da República deve impor um Governo o mais abrangente possível, muito embora entenda que até às eleições Cavaco Silva não tenha grande margem de manobra.
«Depois das eleições gostaria que ele não permitisse que o futuro governo de Portugal não seja capaz de levar Portugal a bom porto. Tem de ser o governo mais abrangente possível com pessoas o mais competente possível. Aí, o presidente aceita ou não o Governo que lhe propuserem», concluiu.