
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de José Sócrates, Luís Amado, acusa os Executivos da última década de terem «preguiça política» para implementar as reformas estruturais que o país exigia.
Estamos a respirar porque temos um financiamento garantido até 2013, diz Amado. E depois disso?
«Se não houver mais estabilidade no sistema europeu e no sistema internacional é óbvio que países com as fragilidades com que nos confrontamos terão muitas dificuldades em continuar a ser financiados normalmente pelos mercados a partir do segundo semestre de 2013, o que pressupõe que temos que ter em consideração a necessidade de manter um financiamento extraordinário à nossa economia», afirma.
Para que não seja necessário pedir um segundo empréstimo, é preciso actuar agora.
«O país não tem mais nenhuma oportunidade e a responsabilidade é do Governo e da oposição. O Governo tem uma responsabilidade absoluta de criar as condições para que esse compromisso nacional seja possível e a oposição tem de estar em condições de reagir positivamente à responsabilidade que o Governo assuma nesse domínio», defende.
Por isso, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros propõe um compromisso nacional para a estabilidade, o crescimento e o emprego.
«O faz e o desfaz da acção governativa é absolutamente devastador para a realidade de um país», adianta.
Olhando para trás, Luís Amado analisa os erros: «Por preguiça política e institucional ao longo desta década, mesmo percebendo que estava aí o nó do problema. Os Governos com capacidade reformista e com autoridade política para fazer as reformas que era absolutamente necessário fazer para garantir essa competitividade foram protelando essas reformas até ao momento em que caimos no buraco em que caimos».
E enquanto estavamos a cair no buraco, uns estavam mais atentos que outros: «Vivi talvez com mais angústia do que outros colegas de Governo a situação em que paulatinamente o país foi caindo».
Agora, sugere, é preciso restaurar a confiança para ter uma política de credibilidade que leve à internacionalização da economia.