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A TSF foi conhecer um dos poucos locais do país onde não se aceitam marcações prévias para ser recebido pelo médico de família.
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A extensão de saúde de Almargem do Bispo, no concelho de Sintra (perto de Caneças) é um dos poucos sítios no país onde não se aceitam marcações prévias para ser recebido pelo médico de família.
Eduardo Paiva, o único médico de família nesta extensão de saúde, recusa fazer marcações, num método que aplica há mais de 20 anos nos vários centros de saúde por onde passou. Todas as consultas são marcadas no próprio dia a partir das 9:00.
Eduardo Paiva tem 1800 utentes mas raramente esgota as 20 vagas diárias que tem para dar consultas das 9:00 às 14:00. Este médico de família admite contrariar as ordens das chefias que querem consultas marcadas e uma lista de espera, mas garante que os doentes estão do lado dele.
«Se os doentes, cada vez que vêm à consulta, tiverem a certeza que são observados, desaparece a lista de espera naturalmente», explicou.
Este clínico admitiu que não faz o que as suas chefias querem, contudo «toda a gente é consultada a tempo e horas quando quer e lhe apetece».
«Há a norma de haver uma lista de espera e isto valeu-me já da parte do meu director uma circular interna em que diz que são os critérios obrigatórios de acordo com as orientações do presidente do Conselho Directivo da Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS), que diz que os horários devem ser definidos para pelo menos três meses», adiantou.
No dia em que a TSF visitou a extensão de saúde de Almargem do Bispo foram 13 os utentes que procuraram o médico de família nessa manhã. A última consulta acabou às 12:30 e apenas um doente se queixou destas consultas sem marcação prévia. Quase todos elogiam o método deste médico de família.
Os utentes desta extensão de saúde admitem que quando o novo médico chegou, há um ano, estranharam a mudança, mas habituaram-se e agora preferem fazer a marcação da consulta no próprio dia.
«Funciona bem. É uma prova de que na altura de que precisa vem aqui. Desde que seja das 9:00 às 10:00 ele atende toda a gente», explicou Graça Pimpão, uma das utentes do centro.
Irene Loureiro está na secretaria desta extensão de saúde há 23 anos a receber as inscrições dos doentes. Também ela estranhou o método deste médico de família e pensou que ia ser uma «confusão».
«Ao princípio fez e as pessoas reclamaram. Estão habituados nos outros centros irem para lá madrugar e aqui não. Precisam e vêm no próprio dia. Quando a pessoa precisa é que vêm à consulta», acrescentou.
Agora, defende as consultas sem marcação prévia e garante que nenhum doente fica sem consulta com este médico de família.