Mário Soares defendeu a necessidade de um novo Governo em Portugal, considerando que as greves e manifestações são um sinal de que o povo quer mudar.
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Numa conferência na Ordem dos Médicos sobre o futuro da Europa, Soares falou sobre o futuro de Portugal, para dizer que hoje, um ano depois do Governo PSD/CDS ter tomado posse, o país está muito pior.
«Se a política deste Governo continuar neste sentido, o que não acredito, no fim de 2013, estaremos ainda muito pior», acrescentou.
O antigo presidente da República considerou que os sinais que estão a ser dados nas ruas, com greves e manifestações, indicam que faz falta um novo Governo.
«O Serviço Nacional de Saúde bem como as conquistas democráticas que vieram com a normalização democrática e na constituição do pós-25 de Abril não devem nem podem ser postas em causa. O povo não quer, como tem sido visto e demonstrado nas ruas e por toda a parte. A Europa pode sair da crise, com a condição que creia em si mesma. A única solução para a Europa é mais Europa, com um Governo europeu e um Governo político e económico para Portugal também, outro e melhor Governo, como a maioria da população está a defender e a reclamar», afirmou.
Mário Soares disse ainda que os líderes europeus, a continuarem com as políticas de austeridade e se acabarem com o euro, deviam ser julgados por crimes contra a humanidade.
«A União Europeia tem que evoluir afastando as políticas de austeridade e procurando salvar a União Europeia no reforço das suas economias, diminuindo substancialmente o desemprego», defendeu.
Mário Soares considerou ainda que seria «um crime inaceitável destruir o passado» europeu que se tornou um modelo para o mundo, assim como a «democracia e a solidariedade entre os Estados».
«Para quê? Para voltarmos aos conflitos do passado, aos nacionalismos assanhados de uma nova guerra mundial? Se os dirigentes europeus assim entendessem, apesar dos avisos e dos alertas que receberam, cometeriam um crime sem perdão, deveriam ser julgados no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a Humanidade», disse ainda o ex-presidente da República.