Entre os casos relatados, está o de Luís Paulo, que viu um dos três medicamentos que precisava para tratar da sua hepatite recusado pelo hospital onde está a ser acompanhado.
Várias associações de doentes crónicos queixaram-se, esta quinta-feira, do tratamento desigual que dizem receber nos hospitais portugueses.
Um dos casos apresentados na conferência de imprensa convocada por estas associações foi o de Luís Paulo, que tem hepatite e que procura tratamento tríplice de três medicamentos, um dos quais tem sido recusado.
Por isso, Luís Paulo diz que pretende mudar de hospital, porque, segundo conta, no Curry Cabral, «nunca foi utilizado» o medicamento que lhe tem sido recusado.
«O meu pedido foi feito a 25 de outubro à farmácia e depois à comissão das farmácias a que o hospital pertence e até hoje não tive resposta. Pelos vistos, não estão muito preocupados em dar resposta», acrescentou.
A presidente da associação SOS Hepatite, que representa Luís Paulo, contou ainda o caso de um doente transplantado que levou para casa um terço da receita.
Emília Rodrigues explicou que foi dito a este doente que fosse telefonando para ver se a medicação chegava, algo que esta responsável diz que «não pode acontecer».
«O doente transplantado quando faz o imunosupressor se não tomar a medicação certa pode haver a rejeição do órgão. É um caso muito grave», explicou a presidente da SOS Hepatite, que disse que neste caso a medicação acabou por chegar a tempo e horas.
Emília Rodrigues explicou que o médico se passa medicação para um mês, o doente tem de ter para este período e não apenas para dez dias.
Estas associações defendem que o Ministério da Saúde deveria ter uma central de compras para que os hospitais funcionem da mesma maneira.
O presidente da Associação de Esclerose Múltipla explicou que «quem escolhe os medicamentos nos hospitais são as comissões de administração» e que os «médicos têm de deixar que isso aconteça».
«São as administrações dos hospitais que negoceiam com os diversos laboratórios e depois as administrações hospitalares mandam para a comissão de farmácia uma lista a dizer que os médicos só podem receitar aqueles», explicou Paulo Pereira.