PS assinala primeira crítica de Cavaco à coligação, PSD e CDS não se sentem atacados
Nas reações ao discurso de Cavaco Silva no Parlamento, o PS assinala a primeira crítica do Presidente da República à coligação. O PSD e o CDS-PP não se sentem alvo de qualquer ataque. O PCP e o BE apontaram o dedo a Cavaco Silva.
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Alberto Martins, líder parlamentar do PS, reafirmou que para os socialistas há divergências insanáveis e assinala a primeira crítica do presidente à coligação.
«Nestes últimos tempos, pela primeira vez, o Presidente da República fez uma exceção de crítica ao Governo, mas, pelos vistos, muitos dos deputados do PSD não perceberam devidamente. Fez uma crítica quanto ao empobrecimento dos portugueses, quanto à agressão grave à situação laboral e quanto à situação dos pensionistas e dos jovens», apontou Alberto Martins.
Pedro Pinto, do PSD, destaca «uma chamada de atenção a todos os partidos» para o «novo ciclo de esperança» em que se vai entrar, realçando que a intervenção de Cavaco Silva tenha sido um «ataque ao Governo».
«Houve dois tipos de discursos: uns discursos que são os discursos pessimistas, em que verificamos que há uma consonância muito grande com aquilo que é a chamada esquerda em Portugal (...) e um discurso que contém neste momento uma esperança para os portugueses que são os discursos do PSD, do CDS e do Presidente da República», afirmou o vice-presidente social-democrata Pedro Pinto, em declarações aos jornalistas no final da sessão solene do 40.º aniversário do 25 de Abril, que decorreu na Assembleia da República.
No mesmo sentido, o CDS-PP destacou hoje o «apelo fortíssimo» ao «sentido de compromisso» que disse ter marcado o discurso do Presidente da República e defendeu que é preciso estar disponível para o fazer.
«Aquilo que eu retenho mais é um apelo fortíssimo ao compromisso e ao sentido de compromisso é o que distingue e marca o discurso do PR e vem ao encontro do que o CDS tem sempre dito, quer em sede de concertação social, quer em sede de parlamento», diss Nuno Magalhães.
À esquerda, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP critica o que diz ser uma visão limitada do Presidente da República.
«O Presidente da República aprofundou a teoria de São Tomás: Olhem para o que diz e não para o que faz. Como pode o Presidente da República manifestar tanta preocupação face ao desemprego, aos ataques aos reformados e aos salários dos trabalhadores e, simultaneamente, ratificar e aprovar o que foram no essencial as propostas pelo Governo?», interrogou-se o líder comunista.
De acordo com o secretário-geral do PCP, a intervenção de Cavaco Silva «não acertou com aquilo que ele próprio aprovou e é corresponsável no plano desta política».
A coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins defendeu hoje que o país precisa de «alternativa» e não de alternância ou rotativismo, face ao apelo a entendimentos feito pelo Presidente da República.
«O 25 de Abril fez-se pela possibilidade de escolha, que é a alternativa e não a alternância. Precisamos de projetos políticos claros, diferentes, para que as pessoas possam escolher e não de rotativismo sobre as mesmas políticas», defendeu Catarina Martins.