Um estudo da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros revela que faltam 700 enfermeiros nas Unidades de Cuidados na Comunidade para garantir a resposta aos 4,4 milhões de pessoas residentes entre Santarém e o Algarve.
Corpo do artigo
O estudo "Unidades de Cuidados na Comunidade: Presente com Futuro!", que envolveu 89 Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) dos distritos de Lisboa, Santarém, Setúbal, Évora, Faro, Portalegre e Beja, decorreu em duas fases, em 2013, e teve como objetivos identificar as principais áreas de intervenção e monitorizar os indicadores de desempenho destas unidades.
Estas unidades prestam cuidados de saúde, apoio psicológico e social, no domicílio e na comunidade, às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis em situação de maior risco ou dependência física e funcional, atuando na educação para a saúde e na integração de redes de apoio à família.
Apesar da falta de recursos ser «notória para a população» abrangida por estas unidades, «a resposta é positiva e as taxas de eficácia são elevadas» nas populações que conseguem acompanhar, nomeadamente os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (91%), crianças e jovens em risco referenciadas (100%) e crianças e jovens com necessidades de saúde especiais (82%).
A segunda fase do estudo, que decorreu em entre junho e dezembro de 2013, teve como base 44 Unidades de Cuidados na Comunidade, entre Santarém e o Algarve, que respondem a um universo de um 1,7 milhões de habitantes.
Para esta população, tendo por base o ratio de um enfermeiro para 5.000 pessoas, deveriam existir cerca de 357 profissionais, mas só existem 70, estando em falta cerca de 287 enfermeiros.
De acordo com o presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros (OE), Alexandre Tomás, face ao dados adquiridos, pode concluir-se que, para garantir a dotação de enfermeiros nas unidades de cuidados na comunidade a sul do país, que abrangem 4,4 milhões de pessoas, «seriam necessários mais 700 enfermeiros».
Para o responsável, este dado é preocupante, porque «põe em causa a capacidade de resposta destas unidades» e, principalmente, o acesso a cuidados de saúde da população mais vulnerável que, «à partida, tem maiores dificuldades de contactos com os serviços de saúde».