O presidente do PS acusou hoje o Presidente da República de humilhar o povo grego ao proferir declarações que revelam pouco sentido de Estado, e ao mesmo tempo de agir como «um delegado eleitoral» do PSD.
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«São declarações que procuram humilhar - por contrapartida de um comportamento do Governo português que o Presidente da República procura todos os dias elogiar - humilhar o povo grego e o Governo grego», afirmou o presidente do PS, Carlos César, numa declaração aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, numa reação aos comentários feitos esta manhã pelo Presidente da República sobre a situação grega.
À margem do X Congresso Nacional do Milho, Cavaco Silva lembrou a solidariedade portuguesa para com a Grécia, que já representou a saída de muitos milhões de euros da «bolsa dos contribuintes portugueses» e fez votos para um entendimento daquele país com a Europa. O Presidente da República fez ainda um comentário sobre a antecipação do reembolso do Fundo Monetário Europeu do empréstimo concedido no âmbito do acordo com a troika considerando que representou «um ganho para Portugal».
Lamentando que Cavaco Silva em todas as suas declarações públicas insista em colocar-se como «um delegado eleitoral do partido maioritário do Governo», o presidente socialista criticou a associação desta conduta «a um ataque» que procura «humilhar e desconsiderar países parceiros e amigos e os respetivos Governos».
«Dizer, como diz o senhor Presidente da República, que os portugueses devem ter consciência dos milhões com que estão a contribuir para o povo grego é esquecer que, se as autoridades dos países europeus na sua generalidade tivessem a mesma falta de sentido de Estado, poderiam dizer aos seus concidadãos o mesmo: "os milhões com que a generalidade dos contribuintes e dos países europeus estiveram e estão a contribuir para Portugal"», sustentou.
Por isso, continuou, a declaração de Cavaco Silva é «injusta no plano europeu, desadequada no plano institucional e não corresponde à verdade» na avaliação que se tem de fazer do ponto de vista do interesse geral europeu. «Uma humilhação e uma rutura com a Grécia teria consequências muito graves no plano económico, no plano financeiro, no plano monetário, no plano geopolítico», acrescentou.