É um desafio directo, por carta, de Marco António Costa a... António Costa. O vice-presidente coordenador e porta-voz do PSD desafia o líder socialista a entregar o cenário macroeconómico ao escrutínio dos economistas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental ou do Conselho de Finanças Públicas.
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Depois de uma primeira reação a quente, minutos depois de apresentado o cenário macro do PS, e com José Matos Correia a confessar não ter lido o documento, agora, seis dias depois, segue para o Largo do Rato uma carta detalhada e assinada por Marco António Costa.
O Vice-presidente coordenador e porta-voz do PSD começa por escrever que o documento dos socialistas "poderá constituir uma base documental muito útil para um debate político mais estruturado", mas sublinha que a discussão deve basear-se em factos e elementos concretos, e que "importa que o exercício técnico subjacente ao documento apresentado pelo Partido Socialista seja auditável."
Marco António Costa sugere mesmo que o PS submeta o documento ao escrutínio da UTAO ou do Conselho de Finanças Públicas, e pede que os socialistas desenhem um quadro com "os limites nominais de despesa por programa orçamental para o ano de 2016", e com o "tecto global para os anos seguintes do exercício até 2019."
O objectivo assumido pelo PSD é "eliminar qualquer tipo de ambiguidades nas propostas a submeter aos Portugueses", deixando claro se as ideias do PS são ou não compatíveis com os compromissos externos assumidos por Portugal.
Mas esta carta do PSD não vive só de argumentos políticos genéricos, avança com uma longa lista de críticas, reparos, e dúvidas em relação ao documento do Partido Socialista. Ao todo, são 29 pontos, com perguntas e críticas diversas, directas, ao documento "Uma década para Portugal."
Questões como "Qual é exactamente a proposta de reavaliação do factor de sustentabilidade nas pensões?", e reparos do género "Não se compreende o alcance da medida proposta na página 40", ou "A taxa de poupança considerada não parece compatível com o crescimento do consumo nominal".
O PSD fica agora a aguardar resposta, na volta do correio.