
Cavaco Silva
Lusa/Miguel A. Lopes
Cavaco Silva considera que o país não pode "desperdiçar o imenso capital humano". Caso contrário, salienta o presidente da República, Portugal arrisca-se a perder o "investimento feito na formação" e o contributo dos jovens para a criação de "emprego e riqueza".
Na última conferência dos "Roteiros do Futuro", dedicado a "Portugal e os Jovens", o chefe de Estado criticou o "atual estado de afastamento da juventude portuguesa em relação à vida coletiva do país" e dirigiu-se aos mais jovens: "É tempo de os ouvirmos, de sabermos o que pensam do seu país, de conhecermos a visão que cada um tem".
Para Cavaco Silva, é preciso ouvir os jovens sobre temas como o "emprego, a cidadania, a mobilidade e a cultura", notando que, apesar de tratar-se da geração de portugueses "mais qualificada da nossa história", é também a geração que terá de "lidar com a incerteza de uma forma que não conhecemos no passado".
"À incerteza e à insegurança sobre quanto ao futuro, alia-se a decisão sobre onde trabalhar (...), em Portugal ou no estrangeiro", acrescentou, defendendo que "Portugal não pode desperdiçar o imenso capital humano" e que "devemos fazer um esforço acrescido para o regresso dos nossos jovens".
Na 4.ª Conferência Internacional "Portugal e os Jovens - Novos Rumos, Outra Esperança", na Fundação Champalimaud, em Lisboa, o presidente da República citou Florbela Espanca, para insistir que, no seu entender, para resolver os problemas dos jovens é preciso mais do que palavras: "Palavras são como as cantigas: leva-as o vento", citou, acrescentando que "para as ambições dos jovens exige-se respostas concretas, visíveis".
Durante o discurso, dedicado aos jovens, Cavaco Silva não esqueceu, no entanto, o debate político do dia-a-dia, no qual, defende, deve revelar-se independente: "No nosso sistema político-constitucional, o Presidente da República deve revelar independência perante as controvérsias que marcam o quotidiano da luta política, as quais têm um tempo e um lugar próprios em todas as democracias, mas que correm o risco de concentrar-se em aspetos acessórios ou efémeros da realidade, perdendo de vista uma abordagem serena e desapaixonada das questões que irão verdadeiramente condicionar as novas gerações e o futuro de Portugal".
O presidente da República lembrou ainda, tal como fez durante os discursos do 25 de abril, que, perante as "encruzilhadas" atuais, existe uma "necessidade de uma cultura cívica e política de compromisso que permita alcançar o desenvolvimento económico e social" ambicionado pelo país.