Sobre o aumento do preço dos combustíveis, a oposição insistiu esta tarde, no Parlamento, que o Governo devia fazer algo para contrariar esta situação. O primeiro-ministro quer primeiro saber o que pensa a Autoridade da Concorrência sobre este assunto.
O Executivo afasta uma descida do imposto que é cobrado sobre os produtos petrolíferos. Uma medida que tem sido reclamada por vários sectores como forma de travar os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis.
Esta tarde, no Parlamento a oposição interrogou o chefe de Governo sobre esta situação e pediu respostas com rapidez para fazer face ao problema.
«Não percebo a impaciência. Esperemos pelo relatório para termos possibilidade de fazer um juízo político sobre a matéria», salientou José Sócrates.
Pedro Santana Lopes (PSD) considera que já é tempo do Executivo tomar uma posição sobre a subida dos combustíveis: «Ainda não passou o tempo devido para termos a explicação e o anúncio de qual a posição do Governo face aos gravíssimos reflexos, nomeadamente nas empresas e no sector dos transportes?»
Paulo Portas (CDS-PP) também considera que o Governo devia fazer algo: «Dêem-me uma boa razão para não baixar o ISP (Imposto Sobre Produtos Petrolíferos) de modo a aliviar a carga fiscal sobre o preço dos combustíveis?»
O primeiro-ministro respondeu ao repto de Paulo Portas: «O que eu acho que não é bonito nem correcto fazer é recorrer aos impostos dos portugueses para baixar o preço da gasolina. Tal como o senhor deputado não achava há uns anos atrás».
José Sócrates a recordar que foi durante os governos do PSD e do CDS-PP que se verificou a liberalização dos combustíveis. O chefe de Governo considerou que o CDS-PP vem agora derramar «lágrimas de crocodilo» sobre esta questão.
Já à esquerda as dúvidas mantêm-se com Francisco Louçã (BE) a perguntar como é que o preço da gasolina pode subir mais do que o petróleo.
«A democracia é exigência e é por isso que se a liberalização permite no preço dos combustíveis especulação sem freio, então tem que se parar essa especulação. Senhor primeiro-ministro os portugueses não são parvos», defendeu o líder bloquista, salientando que não faz sentido o preço da gasolina ter subido mais do que o petróleo.
Também Jerónimo de Sousa lançou uma dúvida: «Como é que se entende que a Galp que compra a gasolina ou mesmo o petróleo em todo o lado ao mesmo tempo aplique um preço em Elvas e outro em Badajoz? Porquê esta discrepância com todos os efeitos que esta situação tem na economia raiana?»
Estas perguntas ficaram sem resposta do primeiro-ministro. José Sócrates continua a remeter para a primeira semana de Junho explicações sobre o aumento do preço dos combustíveis, altura em que será enviado à Assembleia da República o relatório pedido à Autoridade da Concorrência.