O treinador português revelou à SIC Notícias que foi atingido com pontapés e socos, nos incidentes após o jogo entre Al-Ahly e Al-Masry, da Liga de futebol do Egipto, que já originaram mais de 70 mortos.
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«Mal terminou o jogo tentei ir para as cabines, meteram seguranças à minha volta, mas ainda levei uns socos e pontapés na cabeça e no pescoço, mas estou bem», afirmou Manuel José à SIC Noticias, revelando que foi transportado para um quartel fora da cidade de Port Said, no norte do país, enquanto os jogadores ficaram no balneário, mas estão bem.
O treinador, que lamentou as mortes já registadas, responsabilizou a polícia pelos acontecimentos no Estádio de Port Said, com capacidade para 18 mil espetadores.
«A culpa é exclusivamente da polícia. Havia soldados e polícias em todo o estádio, mas mal acabou o jogo desapareceram todos. Foi o caos», afirmou Manuel José, acrescentando que havia um clima de medo que estava a influenciar o árbitro.
Os confrontos verificaram-se no final do jogo, mas o treinador português afirmou que a tensão era visível desde o início, uma vez o encontro deveria ter começado às 16h45 e só arrancou às 17h00, porque o campo estava cheio de espectadores.
«Ao intervalo aconteceu a mesma coisa. O campo estava cheio de gente e tivemos de esperar cinco minutos. Cada vez que marcavam um golo, entravam no campo», contou Manuel José.
O treinador do Al-Ahly contou que durante o jogo o «ambiente já estava muito tenso» e mal terminou o encontro, com vitória do Al-Masry por 3-1, «milhares de pessoas foram para dentro de campo e começaram aos pontapés e aos murros».
«Vou repensar a minha vida, gosto muito de estar aqui, sou bem tratado por toda gente, mas não há condições», lamentou Manuel José, de 65 anos, que está no Al-Ahly desde 2010, depois de duas passagens anteriores no clube do Cairo, a primeira entre 2001 e 2003 e a segunda entre 2004 e 2009.