«Pouca prevenção» do Ministério da Agricultura dificulta eficácia, dizem bombeiros
O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Portugueses (ANBP) criticou hoje, em Santarém, as «poucas atividades» de prevenção desenvolvidas ao longo do ano pelo Ministério da Agricultura, essenciais para garantir a eficácia da primeira intervenção.
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No encerramento do 11º Congresso Nacional dos Bombeiros Profissionais, Fernando Curto elogiou o «grande investimento» no dispositivo para os incêndios florestais e o «grande empenho e organização» do Ministério da Administração Interna (MAI) e da Autoridade Nacional de Proteção Civil.
No entanto, o presidente da ANBP criticou as «poucas atividades verificadas ao longo do ano no que respeita à prevenção e ao trabalho do Ministério da Agricultura, para que o trabalho dos bombeiros, que se encontram no final desta cadeia, possa ser efetuado em pleno, o seu trabalho com condições para uma primeira intervenção capaz».
O presidente da ANBP criticou ainda o facto de as câmaras municipais, à exceção de Faro, não estarem a cumprir o decreto-lei que prevê a passagem dos bombeiros municipais a sapadores, alteração que «não acarreta quaisquer custos financeiros» e cuja aplicação «vem ordenar a orgânica» do sector.
Fernando Curto apontou a «enorme falta de efetivos», sublinhando que às aposentações não corresponde a reposição necessária com novas entradas, e acusou algumas autarquias de não cumprirem os valores mínimos nos seguros de acidentes pessoais dos bombeiros profissionais.
No seu entender, «deve ser revista a uniformidade e igualdade dos seguros no que respeita às apólices e ao apoio que é necessário existir numa profissão de risco» como a dos bombeiros, referindo em particular o facto de existirem ainda apólices de seguros que «não contemplam queimaduras, sendo estes acidentes, tratamentos, operações plásticas ou outros da responsabilidade» dos próprios.
Fernando Curto sublinhou o facto de ter sido criado um grupo de trabalho com o MAI, que tem vindo a discutir questões como o horário de trabalho, o regime de carreiras, o cartão de identificação do bombeiro profissional, a regulamentação das carreiras da Força Especial de Bombeiros e a legislação para os bombeiros profissionais das Associações Humanitárias, entre outras.
O secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo D'Ávila, presente no encerramento do encontro, frisou a importância deste grupo de trabalho, que tem permitido «conhecer os problemas e expetativas» dos bombeiros profissionais, mesmo que algumas das propostas não sejam da competência do MAI.
Lobo D'Ávila prometeu ainda todo o seu empenho na mobilização dos parceiros e na eliminação dos bloqueios que ainda existam, sublinhando o papel da ANBP na criação de uma «cultura de segurança» no país.