Raquel Varela, investigadora do Instituto de História Contemporânea, entende que as declarações de Isabel Jonet apenas provocam mais fome e não a matam.
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A historiadora Raquel Varela acusou a presidente do Banco Alimentar de usar a fome como arma política e de promover o retrocesso social.
Referindo-se à carta aberta de três páginas que escreveu, Raquel Varela diz que a fez porque se sentiu incrédula e indignada com as declarações de Isabel Jonet na SIC Notícias na terça-feira, que entende só «provocarão mais fome» e não a combatem.
«Vivemos num país que produz uma riqueza de 170 mil milhões de euros e não estamos a utilizar toda a força de trabalho, porque há mais de um milhão de desempregados», explicou.
Perante isto, Raquel Varela perguntou-se como Isabel Jonet afirma que não se pode comer carne, declarações que considerou serem «absolutamente inaceitáveis e inenarráveis».
Esta investigadora do Instituto de História Contemporânea defendeu que a fome é flagelo e que esta não pode ser usada para promover o retrocesso social, tal como fez Isabel Jonet.
Raquel Verela entende mesmo que a presidente do Banco Alimentar contra a Fome «defende as políticas do Governo» até «de forma mais agressiva que membros do PSD».
«É óbvio que aqui o que Isabel Jonet está aqui a fazer é uma atividade política, uma atividade de convencer as pessoas a aceitar a pobreza e, em última instância, quando estão no limite da sobrevivência irem ter com ela em pedir comida», frisou.
A historiadora sublinhou ainda que combater a fome não pode passar apenas por distribuir pacotes de açúcar e arroz.
Contactada pela TSF, Isabel Jonet não quis fazer comentários a esta carta aberta nem quis falar sobre as declarações que fez, onde disse, por exemplo, que se «deixou de atribuir o valor real aos bens e perdeu-se a total noção do que é o custo de oportunidade».
«Há pessoas que vivem muito acima das suas possibilidades. Há que fazer uma lógica de contabilidade doméstica de que se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias não podemos comer bifes todos os dias», disse a presidente do Banco Alimentar na SIC Notícias na terça-feira.