Numa altura em que as lojas tradicionais do centro de Lisboa têm fechado portas, a TSF procurou a exceção à regra e encontrou casas centenárias na baixa onde a crise mora ao lado.
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É na Rua do Carmo que fica a luvaria Ulisses, uma loja tradicional portuguesa, onde não há lugar para a crise. Carlos Carvalhas, 53 anos, é o proprietário desta pequena casa que fica no Chiado onde as lojas das grandes marcas internacionais descaraterizam os traços de uma Lisboa antiga.
«Sempre que faz frio, nós vendemos! Estamos aqui desde 1925, com fabricação própria. O comércio tradicional desde que aposte na qualidade não tem problema», considera.
Na luvaria Ulisses a diminuição do consumo nacional é contrabalançada pelo aumento das compras pelos turistas que visitam Portugal e têm curiosidade em conhecer uma loja à antiga que vende exclusivamente luvas.
«As luvarias estão a desaparecer em todo o mundo. O ritual da preparação e do calçar a luva tem-se mantido aqui inalterável. Nós cumprimos com a tradição», diz à TSF Carlos Carvalhas.
Caso único em Lisboa é também a Chapelaria Azevedo, uma loja que abriu em 1886 e comercializa apenas chapéus. O público é muito diversificado e os jovens são cada vez mais presença constante desta casa centenária, explica o trisneto do fundador, Pedro Fonseca, 30 anos.
«Os compradores tanto são portugueses como estrangeiros e mesmo em tempos de crise a chapelaria continua a vender», assegura o gerente.
Na Barbearia Campos, fundada também em 1886, e que mantém uma decoração que faz lembrar outros tempos, os clientes não faltam, como garante à TSF o barbeiro Morais.
João Gilberto, brasileiro que trabalha a fazer sapatos numa pequena loja na baixa, concorda e afirma que neste local é como se viajasse na máquina do tempo. «Imagino a vida aqui como era há 50 ou 70 anos e isso não tem preço. Aqui sentado na cadeira vejo o elétrico e consigo viver o passado».