Cerca de 80 representantes de sindicatos de vários setores concentraram-se hoje em frente ao Hotel Marriott, na praia D'El Rey (Óbidos), onde está instalada a seleção portuguesa de futebol, num protesto contra o despedimento coletivo de 11 trabalhadores.
A ação de «solidariedade e denúncia pública» partiu do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares (STIHTRS), que acusa o Grupo Béltico - Belticorest e Hotel da Praia (proprietário do hotel) de pretender «o afastamento da intervenção sindical da empresa», afirmou à Lusa António Baião.
Segundo o dirigente sindical, o despedimento dos 11 trabalhadores foi comunicado depois de o STIHTRS ter iniciado «um processo negocial para melhorar algumas condições relacionadas com o horário de trabalho e outros direitos que não estavam a ser cumpridos».
As negociações acabaram por ser interrompidas com «o anúncio, por parte da empresa, de que irá haver uma nova administração», o que ainda não se verificou, tendo entretanto o grupo enviado cartas de despedimento aos trabalhadores.
O sindicato voltou então a ter reuniões de negociação com a administração sustentando não haver «motivo para este despedimento coletivo» e referindo que nos documentos enviados aos trabalhadores «não existia a indicação de critérios objetivos» para a escolha daqueles funcionários, alguns dos quais delegados e dirigentes sindicais.
Segundo António Baião, «a administração enviou aos trabalhadores cartas em que os considera como dos mais qualificados da unidade» e indica que, por isso, «têm mais facilidade em arranjar emprego».
A justificação é contestada quer pelo sindicato, quer pelas únicas duas trabalhadoras presentes no protesto, em representação dos restantes colegas que se encontravam "no horário de trabalho", explicou Inês Marques, afetada pelo despedimento depois de 10 anos de trabalho no Hotel Marriott.
A também dirigente sindical não tem dúvidas de que «o despedimento é uma pressão para acabar com o sindicato dentro da empresa», opinião corroborada por Paula Carvalho, que ao fim de seis anos de trabalho recebeu também carta de despedimento.
«Não conseguimos compreender este despedimento quando todos os dias tenho que ensinar pessoas de empresas de trabalho temporário para fazerem a minha função, o que significa que há necessidade destes trabalhadores», disse à Lusa.
Concentrados em frente ao hotel, os manifestantes aprovaram hoje uma moção em que acusam a administração de «uma violação clara e grosseira dos requisitos de objetividade, transparência e não discriminação» que deveriam ser observados no processo de despedimento.
Um processo a que o sindicato aponta «muitas contradições», quando a administração «se escuda em dificuldades económicas» mas, simultaneamente, «aumenta salários e faz promoções» e «contrata trabalhadores a empresas exteriores» ao grupo.
Contactado pela Lusa, o Grupo Béltico considerou a manifestação «um exercício normal do direito do sindicato à manifestação», adiantando ter procedido "dentro das normalidades e por forma a impedir situações menos confortáveis para todos os clientes sem exceção".
O grupo já anteriormente tinha admitido haver «um processo de intenção e negociação com menos de 2% dos recursos humanos» no âmbito da «necessidade inevitável de reestruturação da empresa e dos seus recursos».