Durão Barroso deslocou-se a Belém para um encontro com o presidente da República, Jorge Sampaio, onde apresentou a sua demissão. Durão Barroso disse que tomou «a decisão na convicção plena de que está garantida a estabilidade política no nosso país».
À saída da audiência com o presidente da República, onde apresentou a demissão formal do cargo de primeiro-ministro, que foi aceite por Jorge Sampaio, Durão Barroso reafirmou que deixa o Governo por «razões de relevante interesse nacional».
«Deixo estas funções num momento em que há condições de estabilidade política e de crescimento económico no nosso país», justificou.
Durão Barroso considera que «existe na Assembleia da República uma maioria com forte vontade de concluir o programa aprovado para esta legislatura».
Quanto à questão económica, o primeiro-ministro cessante lembrou «os últimos indicadores que claramente confirmam a retoma da economia e as previsões que estão a ser revistas em alta para este ano e os próximos».
O chefe de Governo que hoje apresentou a demissão reiterou ainda a «plena confiança nas instituições democráticas» e na capacidade de decisão do presidente da República, a quem deixou uma palavra de «grande aprezo e consideração institucional e pessoal».
Para Durão Barroso a cooperação que experimentou com Sampaio, quer como líder da oposição quer como primeiro-ministro, vai «deixar escola».
Sampaio deve aceitar demissão em breve
O primeiro-ministro cessante chegou a Belém acompanhado pela sua assessora Leonor Ribeiro da Silva e também pelo secretário de Estado adjunto do chefe de Governo, José Arantes.
Se tudo decorrer como em 2001, quando António Guterres deixou o Governo, o presidente da República deverá ainda hoje aceitar o pedido de demissão do primeiro-ministro e depois desencadear o processo que levará à decisão sobre o futuro Governo de Portugal.
Uma vez dado o aval de Jorge Sampaio para que Durão Barroso deixe o cargo, o primeiro-ministro deverá ainda manter-se em funções até que se encontre um substituto seja num Governo de gestão até que se realizem eleições antecipadas ou através da escolha de um nome pelo partido mais votado nas últimas eleições legislativas.
Jorge Sampaio encerrou na passada sexta-feira um processo de consulta a várias personalidades, desde antigos presidentes da República, ex-primeiros ministros e dirigentes, assim como altas figuras ligadas ao sector económico e financeiro.
Partidos vão ser ouvidos em Belém
Entre amanhã e quarta-feira, Jorge Sampaio vai ouvir os partidos com assento parlamentar, poderá fazê-lo numa segunda ronda se considerar que se justifica. O chefe de Estado poderá ainda ouvir o Conselho de Estado.