Estreia esta quinta-feira o mais recente filme de Clint Eastwood. "Milagre no Rio Hudson" traz de volta as memórias de 2009, quando o mundo foi confrontado um novo incidente com um avião.
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A 15 de janeiro de 2009, o comandante Chesley "Sully" Sullenberger (interpretado por Tom Hanks) e o co-piloto Jeff Skiles (interpretado por Aaron Eckhart) conseguiram o que muitos julgavam impossível: a amaragem nas águas do rio Hudson (Nova Iorque) de um Airbus A320, de forma segura e sem qualquer vítima. A bordo seguiam 155 pessoas.
Cerca de meia hora antes da arriscada operação, o voo 1549, da US Airways, partia do Aeroporto de LaGuardia quando, poucos minutos após a descolagem, é atingido por um bando de gansos-do-canadá que destroem os dois motores do A320 e colocam o comandante perante uma decisão quase impossível: voltar atrás e arriscar despenhar-se, possivelmente contra os arranha-céus de Nova Iorque, ou apontar para uma amaragem nas águas do Rio Hudson?
Todo o incidente - desde o início do voo até ao salvamento da tripulação e passageiros - demorou 24 minutos. Sully teve 208 segundos para tomar decisões e executá-las. Tudo podia ter corrido mal...
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Clint Eastwood traz agora ao grande ecrã a história deste incidente, o que foi conhecido na altura e, principalmente, o que ficou fora das notícias. Muitos desconhecem o que se passou nas inúmeras audiências do inquérito ao incidente que, a dada altura, chegaram a querer culpabilizar o comandante Chesley "Sully" Sullenberger pela decisão tomada.
A recriação da extraordinária amaragem é sem duvida um dos pontos a favor deste filme. Os efeitos especiais trabalham bem em prol da história e o facto de o vermos acontecer uma e outra vez - na perspetiva da tripulação, dos passageiros, de quem estava de fora a acompanhar o avião e até das equipas de socorro - traz ainda mais intensidade à narrativa.
Mas "Milagre no Rio Hudson" ("Sully" no original) é também, e acima de tudo, a história de um homem que acabou por ser um herói sem o querer, num país que tem muito má memória de situações que envolvem aviões.
Ao longo do filme, somos confrontado com a consciência de alguém que acabou de salvar 155 pessoas e, ainda assim, é assombrado por dúvidas sobre se tomou a decisão correta. Este Sully é um homem sereno, humilde, assolado por uma angústia contida, mas que fala muito alto, e que Tom Hanks interpreta de forma exímia. Estará aqui uma possível nomeação para os Óscares?
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Para um filme focado no que podia ter sido um grande desastre, este "Milagre no Rio Hudson" é muito terra-a-terra, direto e sem grandes truques emocionais para enganar a audiência.