Os jogos que levaram a que chegássemos a esta última jornada com tudo, ainda, em aberto. A corrida "de trás para a frente" do Benfica e os altos e baixos do Sporting. A análise de Luís Freitas Lobo.
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Detetar momentos-chave para este estado-relação pontual, diferença de dois pontos, entre Benfica (85) e Sporting 83) a um jogo do fim, implica um olhar do caminho cruzado que ambas fizeram para perceber como foi possível o onze de Jesus ter perdido a vantagem que chegou a ter de sete (oito com mais um jogo) sobre o Benfica.
Antes disso, parece que houve outro campeonato, com "outro Benfica" sobretudo no plano dos resultados e das sensações de (falta de) força que evidenciou para chegar ao terceiro titulo consecutivo.
Nesse "outro campeonato":
Momento 1: Derrota do Benfica no Dragão com o FC Porto (1-0)
Momento 2: Derrota no Benfica na Luz conta o Sporting (0-3)
Depois, subitamente, começa o "novo campeonato encarnado" para inverter a situação e começar a dar a imagem de força (tática e metal) que a levou até ao primeiro lugar a uma jornada do fim
Momento 3: Vitória do Benfica em Braga (0-2)
Momento 4: Vitória do Benfica em Alvalade sobre o Sporting (0-1), provocando inversão da liderança
Momento 5: Vitória do Benfica no Bessa sobre o Boavista (0-1). No período de manutenção da liderança, acumulando jogos do campeonato com os da Champions, sentindo o desgaste físico aumentar, este foi o grande momento protagonizado por um golo já no período de descontos. Permitiu manter a vantagem quando o Sporting pressionava cada vez mais e já se via novamente no topo. O remate/toque de classe de Jonas manteve o onze de Rui Vitória no primeiro lugar. Até à entrada para o último jogo.
No caminho do Sporting, o inicio e quase todo o campeonato mostrou a equipa claramente sempre mais personalizada e com certezas de jogo.
Momento 1: Vitória na Luz, sobre o Benfica (0-3)
Momento 2: Vitória sobre o FC Porto, em Alvalade. (nessa jornada 15, este resultado também significou inversão da liderança que nessa altura era do FC Porto de Lopetegui, equipa que entrou em desintegração após essa derrota)
Momento 3: Empate em Guimarães (0-0). No tal percurso cruzado com Benfica que levou à perda dos sete pontos de avanço o Sporting também empatou com Rio Ave e Tondela, mas foi neste, em Guimarães, jogo anterior ao dérbi, em que jogou demasiado condicionado com a receio da ameaça de Slimani ver o segundo amarelo e não jogar contra o Benfica, que tirou do jogo a cabeça e atitude competitiva ao máximo do nº 9 argelino. Empatou e permitiu que o dérbi passasse a ter essa abertura de possível inversão de líder que, se tivesse ganho em Guimarães, não teria.
Momento 4: Derrota com o Benfica em Alvalade (0-1) e passa para segundo lugar
Momento 5: Vitória no Dragão, sobre o FC Porto (1-3). O Sporting não deixa cair o campeonato num jogo em que podia, não ganhando, ver a desvantagem aumentar irremediavelmente perto do fim. Entra forte, personalizado, faz uma grande exibição, ganha e mantém a pressão até à última jornada.
Dois pontos. O campeonato segurado por um jogo.
(Nota: fala-se em "outro campeonato" mas, em rigor, claro, só existiu mesmo... um campeonato!)