
Álvaro Isidoro / Global Imagens
João Sousa conquistou, frente ao ucraniano Artem Smirnov, o ponto que garantiu que Portugal vai disputar, pela segunda vez na história, o 'play-off' de acesso ao Grupo Mundial da Taça Davis.
Autor dos mais gloriosos feitos do ténis nacional, o vimaranense escreveu hoje mais uma página na sua e na história da modalidade em Portugal, ao vencer Artem Smirnov, por 7-6 (7-3), 7-6 (7-2) e 6-2, para garantir que a seleção estará, 23 anos depois da sua primeira e única presença, a lutar pela subida ao grupo de elite da principal competição por nações.
Quando pisou o pó de tijolo do 'court' coberto do Club Internacional de Foot-Ball (Lisboa), onde a segunda eliminatória do Grupo I da zona euro-africana está a decorrer desde sexta-feira, João Sousa sabia que todos esperavam vê-lo sair dali como herói nacional. Diante de tamanha responsabilidade, o melhor tenista português de sempre não vacilou, entrando confiante.
No entanto, do outro lado da rede estava um Artem Smirnov novamente inspirado, que ia resolvendo com o serviço todas as dificuldades enfrentadas, como aconteceu no oitavo jogo do primeiro 'set, quando disparou dois 'mísseis', que encostaram o número um nacional ao fundo do 'court', para anular dois 'break-points'.
As oportunidades desperdiçadas desconcentraram Sousa, que depois de contestar um par de chamadas do árbitro, perdeu o serviço para o 507.º jogador mundial, que voltou a comprovar que o seu 'ranking' é um engodo e que o seu ténis é mais próprio de um 'top 100'.
O vimaranense não perdoou a ousadia do tenista ucraniano e, logo de seguida, devolveu o 'break', com ambos a perderem os seus jogos de serviço seguintes para empurrarem a decisão para o 'tie-break'.
Aí, a maior experiência do 37.º jogador ATP veio ao de cima, com Sousa a encontrar a fórmula para anular a letal combinação serviço-resposta-esquerda de Smirnov e a impor-se por 7-3, depois de uma hora e dois minutos em 'court'.
O filme do primeiro 'set' anunciava que a tarde ia ser longa no Club Internacional de Foot-Ball, mas a resistência do ucraniano, que antes do encontro hoje já tinha passado quase sete horas e 20 em 'court', fraquejou e o tenista luso não desaproveitou a oferta: ao quinto jogo do segundo parcial, converteu o primeiro dos três 'breaks' conquistados com um 'winner' de direita.
Era de Sousa o ascendente, mas, quando servia para fechar o 'set', com 5-4 a seu favor, o português baixou o nível e entregou o jogo, com uma dupla falta, a Smirnov.
O desfecho ficava outra vez adiado para o 'tie-break' e aí, como tinha confessado na conferência de imprensa que se seguiu à sua maratona com Gastão Elias no primeiro dia da eliminatória, o número um ucraniano deixou que a sua "cabeça fraca" se superiorizasse à qualidade do seu ténis e lhe toldasse a lucidez necessária para sobreviver ao momento decisivo, perdendo por 7-2.
Cansado e desanimado, Smirnov 'desistiu': a servir mal, sofreu o 'break' logo no seu primeiro jogo de serviço e entregou também o segundo, deixando Sousa a liderar por 4-0.
Já sem nada a perder, o 507.º tenista mundial ainda quebrou o serviço ao herói nacional, que acusou momentaneamente o peso do momento, mas acabou por fechar o encontro com novo 'break' a 6-2, depois de duas horas e 30 minutos em 'court'.
Feito o 3-1 diante da Ucrânia, a seleção nacional festejou efusivamente o momento histórico, repetido 23 anos depois da única presença de Portugal no 'play-off' de acesso ao Grupo Mundial.