O Banco de Portugal recomenda ao Governo que o Novo Banco seja vendido à Lone Star. A China Minscheng e o fundo Apollo não ficam, no entanto, de fora. O BdP sublinha que as negociações continuam.
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"O Banco de Portugal, no cumprimento do seu mandato relativamente ao processo de venda do Novo Banco, concluiu com base nos elementos disponíveis nesta data que o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso o processo negocial tendente à aquisição das ações do Novo Banco e decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações", pode ler-se no comunicado.
"A estabilidade do sistema financeiro e o reforço da confiança no futuro do Novo Banco são objetivos do processo de venda que o Banco de Portugal está a conduzir. No momento atual da negociação, a proposta do potencial investidor Lone Star é a que mais assegura estes objetivos mas apresenta condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas, que se procurarão minimizar ou remover no aprofundamento das negociações que agora se inicia".
Mas, "esta nova fase de negociações com o potencial investidor Lone Star não exclui a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores que entregaram propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda - Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado - e que já mostraram disponibilidade para o fazer", concluiu o comunicado do Banco de Portugal.
Esta quarta-feira, em entrevista ao DN e à TSF, Mário Centeno deixou claro que o governo não exclui nenhum cenário. Mesmo a nacionalização do Novo Banco é ainda um cenário em aberto.
O fundo americano Lone Star gere ativos acima de 50 mil milhões de euros em vários países, com especial incidência nos EUA e no Canadá mas já tem ativos portugueses. Em 2015 comprou 4 centros comerciais: os Dolce Vita no Porto, em Coimbra, em Vila Real, e o Monumental, do Saldanha, em Lisboa.
Estes ativos foram comprados porque as empresas imobiliárias do grupo Chamartín faliram e o Lone Star era o maior credor. Entretanto, já se desfez da maioria dos centros comerciais, só ficou com o Monumental.
Mas tem também outros ativos imobiliários, como por exemplo, a concessão da marina de Vilamoura. E, pretende continuar a investir em Portugal.
Cronologia
Foi longo o processo de venda do Novo Banco, até aqui chegar. Recorde as principais datas, desde que o governador do Banco de Portugal comunicou ao país que o BES seria alvo de resolução.
2014
AGOSTO: Resolução do Banco Espírito Santo. O Banco de Portugal ordena a transferência da atividade e do património para o Novo Banco, que deverá ser capitalizado. Os ativos tóxicos são passados para o que ficaria conhecido como "BES mau".
SETEMBRO: Eduardo Stock da Cunha é convidado para a presidência do Novo Banco.
DEZEMBRO: O Fundo de Resolução publica o convite para manifestações de interesse na compra do Novo Banco.17 entidades manifestaram interesse no procedimento de alienação do Novo Banco, informou o Banco de Portugal.
2015
SETEMBRO: Processo interrompido. O Banco de Portugal conclui o procedimento de venda, não aceitando nenhuma das três propostas vinculativas.
OUTUBRO: Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado dos Transportes, é contratado para coordenar a operação de venda do Novo Banco.
2016
JANEIRO: O Banco de Portugal retoma o processo de de venda.
MARÇO: São definidos os termos do novo procedimento de venda, com duas possibilidades: 1) venda direta e competitiva, para investidores estratégicos que sejam instituições de crédito, empresas de seguros ou que já detenham uma participação qualificada nesse tipo de instituições. 2) venda de ações a investidores institucionais, ficando em aberto uma oferta pública de ações.
JUNHO: O Banco de Portugal recebeu quatro propostas de compra. Terminou o prazo para apresentação de propostas.
JULHO: António Ramalho substitui Stock da Cunha na presidência do Novo Banco. O Governo afasta possibilidade de injetar mais dinheiro no Novo Banco, num relatório enviado à Comissão Europeia. E diz que se o banco não for vendido até agosto de 2017, entrará num "processo ordeiro de liquidação".
NOVEMBRO: O Banco de Portugal recebe 5 propostas de compra. Os interessados não são indicados na nota do regulador, mas a imprensa económica vai apontando nomes: o consórcio Apollo/Centerbridge, o fundo Lone Star, o grupo chinês Minsheng, o BCP e o BPI. Os bancos portugueses acabariam por sair da corrida.
DEZEMBRO: Um grupo de pequenos acionistas do BES entrega uma acção no Tribunal Administrativo de Lisboa para tentar impedir a venda do Novo Banco.
2017
JANEIRO: Mário Centeno reconhece à TSF e ao DN que não descarta nacionalização do Novo Banco se o processo de venda não correr bem. BdP anuncia fundo Lone Star como sendo o favorito.