Numa declaração ao país, António Costa reconheceu os custos elevados da solução encontrada.
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O primeiro-ministro, António Costa, admitiu este domingo que a venda do Banif ao Santander, por 150 milhões de euros, tem um "custo muito elevado", mas é a solução que, "no atual contexto, (...) que defende o interesse nacional". António Costa falava numa breve comunicação ao país, minutos depois do anúncio, em comunicado, da venda do Banif ao Santander, pelo Banco de Portugal.
No comunicado emitido pelo Banco de Portugal, o regulador anuncia a venda da maior parte dos ativos e passivos do Banif ao Santander Totta por 150 milhões de euros. A operação envolve ainda um apoio público estimado de 2250 milhões de euros, dinheiro que o comunicado do regulador explica que servirá para cobrir "contingências futuras". Deste valor de 2250 milhões de euros, o Fundo de Resolução deverá injetar 489 milhões de euros e o Estado português compromete-se a apoiar diretamente com 1766 milhões de euros.
No comunicado é ainda referido que "esta solução é a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português" e garante a "total proteção das poupanças das famílias e empresas confiadas ao Banif". Os clientes do banco passam a ser clientes do Banco Santander Totta e as agências do Banif passar a ser a agências do banco que comprou a sua atividade, pode ler-se no texto.
A opção, disse António Costa, "foi tomada tendo em conta a proteção dos depositantes, a defesa dos postos de trabalho, a salvaguarda da economia, em particular das regiões autónomas, e a defesa da estabilidade do sistema financeiro", e acrescentou, "protege integralmente" todos os depósitos, "incluindo as poupanças dos emigrantes portugueses confiadas ao Banif fora do território nacional".
Numa intervenção sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, António Costa disse ainda que a solução tem, no entanto, a vantagem de ser "definitiva", "não ficando o Estado português sujeito a perdas futuras ou dependente de um incerto processo de venda do banco". "O que podemos esperar, e nesse sentido estamos a trabalhar, é a maior recuperação possível dos custos hoje assumidos", afiançou.
No final, António Costa considerou ainda necessário refletir sobre o quadro de supervisão, "condição necessária para garantir a efetiva estabilidade do sistema financeiro". Salientando que sabe que a solução encontrada é "dolorosa" e "custosa para os contribuintes", Costa acrescentou que nesta segunda-feira os balcões do banco abrirão com normalidade, "sob a responsabilidade de uma instituição bancária credível".
Entretanto, o líder parlamentar do PS, Carlos César, anunciou que o partido vai exigir um inquérito parlamentar em torno do Banif, entidade, diz o socialista, "negligenciada" pelo executivo PSD/CDS-PP e cuja venda foi anunciada no domingo pelo primeiro-ministro. Também o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, defendeu uma comissão parlamentar de inquérito.
A TSF teve acesso a uma carta da Comissária Europeia da Concorrência, enviada à então ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque há cerca de um ano. No documento, a comissária Margrethe Vestagen escreve que o problema do Banif tinha vindo a ser adiado "devido à estabilidade financeira", e "para não colocar em causa a saída de Portugal do Programa de Assistência Económica e Financeira", ou seja, uma saída limpa.