O governador do Banco de Portugal, está a ser ouvido na Comissão de Inquérito:"necessidades de capital vão depender "da ambição"da próxima administração. Imparidades:"6,586 milhões, desde 2010".
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Carlos Costa revela que, desde 2010, a Caixa registou imparidades totais de 6,586 milhões.
De acordo com os números do governador do Banco de Portugal (BdP), a maior fatia, mais de 4.500 milhões, corresponde a imparidades de crédito e quase 1971 milhões resultaram de perdas reconhecidas sobretudo em participações financeiras.
Preocupado em passar uma mensagem de confiança sobre o banco público, "pilar da estabilidade do sistema financeiro", Carlos Costa disse aos deputados que "a CGD está adequadamente capitalizada" mas, as necessidades de capital para futuro, vão depender da "ambição" do Estado e da próxima administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Se um presidente de um clube de futebol quiser renovar a equipa e contratar um jogador de primeiro escalão, tem que ter um porta-moedas à altura das ambições, se tiver ambição menor, custa menos. É uma questão precisamente de colocar, de um lado, as ambições, e do outro o que custa. Cabe a cada um saber a medida do que quer e que meios tem para fazer esse exercício", exemplificou o governador.
"O valor da recapitalização da CGD que tem sido referido no debate público está em grande medida dependente deste quarto fator", sublinhou Carlos Costa.
O responsável pelo BdP cita outros três "fatores fundamentais" para as eventuais necessidades de capital:"a evolução futura da conta de resultados" (imparidades a descoberto) "exigências regulatórias determinadas pelo supervisor"e necessidade de "constituir almofada de capital para prevenir cenários adversos dos testes de resiliência" das autoridades europeias.
Interpelado pelo PS e pelo BE sobre se as negociações com as instituições europeias, estas defenderam a privatização da CGD, Carlos Costa (que com o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, participou no processo) garantiu que os negociadores "souberam manter a linha e defender o interesse nacional", quando surgiram"ideias mais ou menos afastadas do interesse do país". "A Caixa foi bem defendida", garantiu o governador.
Carlos Costa não quis comentar as declarações feitas pelo então Primeiro-Ministro, Passos Coelho, sobre "preocupações" com a CGD, o governador, tal como tinha, ontem, feito José de Matos, administrador demissionário da Caixa disse que guarda "estados de espírito e de alma" para ele próprio.
Nesta reunião, o governador está acompanhado por Elisa Ferreira, nova administradora do Banco de Portugal.