A Caixa Geral de Depósitos está a avaliar os balcões a encerrar este ano. O Bloco de Esquerda quer ouvir o ministro das Finanças e todos os partidos defendem pelo menos um balcão por concelho.
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No Fórum TSF, Mariana Mortágua defendeu que a reestruturação do banco público tem de ser feita com respeito pelos trabalhadores e também pelos clientes.
"Recapitalização sim, mas com respeito pelos trabalhadores e com respeito pelas populações que dependem dos balcões da Caixa. Foi sempre garantido que esse respeito existiria, mas temos agora conhecimento de que 25% dos balcões vão encerrar sem haver uma informação prévia", afirmou a deputada do Bloco de Esquerda (BE).
Por esse motivo, Mariana Mortágua anunciou no Fórum TSF que o BE vai chamar o ministro das Finanças ao parlamento "para que possa prestar os esclarecimentos necessários".
O gabinete de comunicação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) garantiu à TSF que ainda está a avaliar a lista de balcões a encerrar. O Correio da Manhã adiantou na edição de ontem a lista das primeiras 70 agências que vão fechar portas até ao final do ano.
No Fórum TSF, os partidos foram unânimes na defesa de pelo menos um balcão da CGD por concelho do país.
O PS, pela voz do deputado João Paulo Correia, quer saber o impacto que o encerramento das agências vai ter em todos os concelhos e "saber quais os concelhos que deixam de ter um balcão, o pessoal que terá de ser reencaminhado para outro destino ou que será alvo de uma rescisão amigável ou de uma pré-reforma, e o número de trabalhadores envolvidos nesta reestruturação". Questões que o PS pretende colocar ao ministro das Finanças e a Paulo Macedo, administrador da CGD.
Também o PSD defendeu que é preciso não agravar a falta de acesso das populações do interior do país a serviços. O deputado Hugo Soares afirmou que não entende "que sobretudo no interior, onde há população mais idosa, em concelhos onde há apenas um balcão, essa dependência possa encerrar", e lamentou a falta de transparência de todo este processo de reestruturação da Caixa.
João Almeida, do CDS, considerou que um "banco público só tem razão de ser se efetivamente tiver critérios distintivos. Se tiver exatamente os mesmos critérios de gestão que um banco privado, então o Estado tem o pior de dois mundos.
Já Miguel Tiago do PCP criticou o Governo socialista porque "não questiona nem confronta estas imposições que vêm da parte da União Europeia, e principalmente por parte da Comissão Europeia. Enquanto tivermos regras que obrigam a que o Estado, ao capitalizar um banco, seja igualmente forçado a aplicar a esse banco medidas a que chamam 'os remédios', que limitam a intervenção e a dimensão do banco, então essas regras, na verdade, estão a fazer com que uma injeção de capital se traduza numa injeção indireta de mercado nos bancos privados".