
João Relvas/Lusa
Ideia é apostar no envelhecimento ativo. Portugal acolhe conferência da ONU sobre o envelhecimento sustentável das sociedades europeias.
O Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social admite que o projeto é "complexo" e "exigente", mas espera ter pronto em 2018 um novo e pioneiro modelo de aposentações faseadas de forma a que "as pessoas não acabem a sua vida ativa num dia e no dia seguinte sejam um reformado".
Numa entrevista à TSF no âmbito de uma conferência que se realiza a partir desta quarta-feira em Lisboa sobre o envelhecimento, promovida pela comissão da ONU para a Europa, José António Vieira da Silva admite que esta é uma medida mais "ambiciosa, difícil e tecnicamente exigente de concretizar", mas a ideia é que os portugueses tenham a hipótese de ter uma "fase intermédia com uma reforma a tempo parcial".
A proposta legislativa ainda está a ser preparada e longe de fechada devido à sua complexidade, apesar de já prevista no programa do governo, mas a meta, segundo o governo, é tê-la pronta em 2018.
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Outra proposta em andamento que deverá ser também apresentada no final deste ano e início do próximo é o chamado "contrato geração" com apoios do Estado às empresas para contratarem não apenas jovens mas também desempregados mais velhos.
Os dois projetos anteriores são alguns dos que Vieira da Silva diz que estão a ser preparados para que o país enfrente com sucesso um desafio que se sente em toda a Europa mas que em Portugal, como o ministro admite, é mais forte: o envelhecimento acelerado da população.
Recorde-se que Portugal é um dos países mais envelhecidos não apenas da Europa como do mundo, algo que o governo acredita que não é obrigatoriamente um problema mas deve ser uma oportunidade e uma "riqueza".
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O ministro recorda que é preciso garantir que as pessoas estão mais tempo ativas profissionalmente, apesar de ser preciso desenvolver estratégias que garantam o "direito ao trabalho das pessoas mais velhas" pois nas últimas décadas "há muitas vezes uma espécie de discriminação negativa em relação aos mais idosos considerando que são dispensáveis".
Vieira da Silva argumenta que "o velho modelo de que as pessoas formavam-se, trabalhavam e depois reformavam-se está hoje em causa pois todos os dias somos confrontados com mudanças tecnológicas", pelo que é preciso apostar na formação contínua adequada que garanta que os mais velhos possam ficar mais tempo ativos, num "envelhecimento ativo que tem de ser preparado pela sociedade".
Recorde-se que apesar de Portugal ser dos países com mais esperança média de vida, os portugueses são dos europeus que devido à sua pouca saúde têm menos esperança média de vida saudável, ou seja, vivemos demasiado tempo sem saúde.
Um cenário que o ministro acredita que se irá alterar, aos poucos, para melhor, com a chegada das novas gerações às idades mais velhas.
Gerações que segundo Vieira da Silva irão chegar à terceira idade com um historial e hábitos de vida diferentes, bem como mais ativos do que acontece hoje com grande parte dos idosos.
A conferência da ONU que agora começa em Lisboa realiza-se de cinco em cinco anos. Junta representantes de 55 países e vários especialistas internacionais.
A conferência é promovida pela comissão das Nações Unidas para a Europa e no final será aprovada a chamada Carta de Lisboa com um plano de ação para travar os efeitos negativos do envelhecimento e garantir a sustentabilidade e equilíbrio das sociedades europeias "para todas as idades", garantindo, como diz o título da conferência, "o potencial de vivermos cada vez mais tempo".