A TSF falou com portugueses que trabalham no Reino Unido. A um mês do referendo, admitem que se a maioria dos britânicos optar pela saída, isso poderá ter implicações negativas no seu trabalho.
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Paulo Costa, um técnico de informática que trabalha desde 2012 em Londres, diz que a esmagadora maioria dos portugueses que vive no Reino Unido deseja que tudo fique na mesma."Toda a gente fica mais tranquila, se continuar na União Europeia".
Outra emigrante portuguesa, a cientista Zita Martins, astrobióloga no Imperial College, está convencida que uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia terá consequências negativas no seu trabalho.
Haverá menos dinheiro para a investigação. "A nível europeu há grandes financiamentos (para a ciência) e, por isso, uma saída terá grandes implicações".
Zita Martins admite que está "ansiosa" com o resultado do referendo, sobretudo por motivos de natureza profissional, mas também há questões práticas que não menospreza.
"Não acredito que os estrangeiros decidam todos ir embora, caso o Reino Unido decida sair. Mas colocam-se questões, por exemplo, com o visto de trabalho. Há muitas questões que não estão ainda esclarecidas".
O informático Paulo Costa teme que uma vitória do "brexit implique a saída de muitas empresas do Reino Unido. E as da sua área poderão ser das primeiras a deixar o país.
"Se começam a reerguer barreiras, as empresas podem começar a pensar se continuam cá, onde há estão 60 milhões de pessoas, ou se preferem ir para o espaço europeu onde estão 500 milhões de pessoas. Nós, os informáticos, somos muito móveis, assim como os financeiros."
"O país está de alguma forma divido"
Hugo Filipe Coelho, um português a trabalhar em Londres onde é jornalista e escreve sobre regulação financeira, explica que o referendo à saída do Reino Unido da União Europeia é cada vez mais assunto de conversa.
As sondagens são vistas com muitas dúvidas no Reino Unido. E no centro financeiro inglês, a maioria dos empresários tudo indica que preferem continuar na União Europeia. Nos últimos tempos parece que o "não" à saída da União Europeia começa a ganhar vantagem no referendo, algo que se vê nas casas de apostas.
Para os imigrantes vindos da União Europeia o brexit é uma preocupação ainda maior.
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