Há dois anos, Reino Unido e União Europeia entenderam-se quantos ao termos da continuação do país na comunidade, caso este sobreviva ao referendo marcado para o próximo dia 23 de junho.
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A TSF esteve à conversa com dois emigrantes portugueses no Reino Unido. Como olham para o Brexit, como foi a sua experiência, ainda vale a pena emigrar para Inglaterra?
Está marcado para 23 de junho. Nesse dia, os eleitores ingleses vão ser chamados a dizer sim ou não à permanência no bloco europeu. A realização do referendo cumpre uma promessa eleitoral dos conservadores, que desta forma tentaram acalmar as vozes críticas que exigiam a saída da União Europeia. É também um pretexto para David Cameron redefinir o papel de Londres no seio da União. Num braço de ferro com Bruxelas, o governo britânico conseguiu, por exemplo, alterar as regras dos direitos sociais dos imigrantes.
O Reino Unido é o destino de milhares de emigrantes portugueses. A TSF foi atrás de dois deles, há vários anos a viver no país. Augusto Nunes aterrou em Londres há 30 anos, tinha pouco mais de 20. Não está arrependido, porque o trabalho surgiu de imediato, apesar do contratempo de estar no país "de forma ilegal, apenas com o visto de turista".
Augusto Nunes casou e teve uma filha na terra de acolhimento. Recebeu o abono de família do Estado britânico. Foi fácil, mas agora não é bem assim, "existe muita burocracia". Este emigrante até compreende as novas regras para os imigrantes, mas os cortes têm de ser ponderados, porque "aqui eles mudam muito depressa do 8 para o 80". No dia 23 de junho, Augusto Nunes não quer a vitória do Brexit no referendo, diz que não iria beneficiar a economia.
Norfolk passou a ser há 13 anos a casa de Susana Vaz, que defende a integração em vez da discriminação. "As regras [de acesso aos apoios sociais] devem ser iguais para todos", independentemente da nacionalidade, já que "todos trabalham".
Para Susana Vaz, os imigrantes estão a ser usados como bode expiatório. No meio rural e industrial onde vive, Susana Vaz presta apoio aos que querem fixar-se naquele país e olha para as medidas mais apertadas como um falhanço à vista. "Ninguém vai deixar de vir por causa disto".
Susana Vaz reconhece que em termos de apoios públicos não se pode queixar. Para além do abono, de uma ajuda para a renda da casa de que beneficia, esta portuguesa ainda tem acesso a um crédito fiscal. Quando chegou a Inglaterra tudo se resolvia em dois meses, agora pode demorar seis ou mais.