Violentos ataques marcaram o último debate televisivo entre os dois candidatos à segunda volta das eleições presidenciais francesas.
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Marine Le Pen, da extrema-direita, e o centrista pró-europeu Emmanuel Macron, foram à televisão a quatro dias do escrutínio.
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"O senhor Macron é o candidato da globalização selvagem, da 'uberização', da precariedade, da brutalidade social, da guerra de todos contra todos, da pilhagem económica dos nossos grandes grupos, do desmembramento da França pelos grandes interesses económicos, do comunitarismo", acusou Le Pen.
Macron respondeu-lhe à letra, dizendo: "A sua estratégia é dizer muitas mentiras".
"A senhora é herdeira de um sistema que prospera com a ira dos franceses há décadas", frisou o candidato do movimento "Em marcha", no debate seguido por milhões de telespetadores.
São quatro os grandes temas em discussão ao longo de pouco mais de duas horas, num formato em que dois jornalistas colocam as questões: economia, terrorismo, educação e Europa.
O primeiro tema do debate foi o desemprego, que Macron diz ser o problema de França "há 30 anos". "Somos o único país da Europa que não consegue contê-lo", argumenta, para depois enunciar as medidas que prevê aplicar caso seja eleito no próximo domingo, as quais passam por dar às pequenas e médias empresas francesas a possibilidade de criarem mais emprego.
Já Le Pen puxa pela questão do terrorismo e acusa Macron de não prestar atenção a este combate: "A segurança e o terrorismo são problemas absolutamente maiores e que estão completamente ausentes do seu projeto".
Na resposta Macron diz: "O que você propõe é uma guerra civil" e acusan Le Pen de querer "julgar os franceses pela sua religião". "Lutar contra o terrorismo não é cair na armadilha da guerra civil", sublinhou Macron.
Após dez dias de uma campanha agressiva entre as duas voltas das presidenciais, Emmanuel Macron, que obteve o melhor resultado na primeira volta, é ainda apontado pelas sondagens como o vencedor a 07 de maio, com cerca de 60% das intenções de voto, mas a margem de avanço em relação a Le Pen está a diminuir.
Num escrutínio muito atentamente observado internacionalmente, os dois candidatos devem convencer os muitos eleitores indecisos a dar-lhes o seu apoio, enquanto se prevê que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% no próximo domingo.
Os seus programas eleitorais estão nos antípodas: Emmanuel Macron é liberal e pró-europeu, Marine Le Pen é anti-imigração, anti-Europa e antissistema.
O primeiro agrada sobretudo aos jovens urbanos, à classe média e ao meio empresarial; a segunda seduz as classes populares, a população rural e uma fatia do eleitorado francês vítima de desemprego endémico.
"Não são apenas duas personalidades, dois projetos, mas duas conceções da França, da Europa e do mundo" que estão em confronto, comentou o Presidente francês cessante, François Hollande.