
Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação/DR
Ninguém ficou indiferente a esta revelação, com os chefes de Estado e as autoridades a prometerem que vão investigar. Para a Rússia trata-se apenas de "desinformação" para atingir Vladimir Putin.
A Rússia parece ser a nação menos surpreendida com a revelação dos "Documentos do Panamá". O Kremlin afirma que esta investigação não traz nada de novo nem de concreto. Para o Kremlin "tudo não passa de desinformação" para atingir Vladimir Putin, a poucos meses das eleições.
O Kremlin diz que se trata de uma autêntica fobia de Vladimir Putin, que tem por objetivo desacreditá-lo antes das eleições legislativas de 18 de setembro, e também das presidenciais, marcadas para daqui a dois anos. "Esta "Putinofobia" [é este o termo utilizado] chega a tal ponto que, no estrangeiro, é tabu dizer bem da Rússia, e é obrigatória falar mal - muito mal - de Moscovo.
O presidente francês, François Hollande, assegurou que os "Documentos do Panamá" levarão à abertura de inquéritos em França e agradeceu aos denunciantes, congratulando-se com novas "receitas fiscais". "Todas as informações que forem entregues resultarão em inquéritos dos serviços fiscais e em processos judiciais", declarou Hollande.
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O presidente francês considerou ser "uma boa notícia" o "conhecimento dessas revelações" porque "dará ainda receitas fiscais por parte de quem tem defraudado", sublinhando que em 2015 "20 mil milhões de euros foram notificados a quem defraudou" e que, deste total, o Estado "já recuperou 12 mil milhões de euros".
"Por isso, agradeço aos denunciantes, agradeço à imprensa que se mobilizou e não tenho dúvidas de que os nossos investigadores estão prontos para estudar estes dossiers e casos em prol primeiro do que pensamos ser a moral e também em defesa das nossas finanças públicas", disse ainda.
Hollande insistiu que os "denunciantes fazem um trabalho útil para a comunidade internacional" e "correm riscos", pelo que "devem ser protegidos".
Na Islândia, por causa da relação com o primeiro-ministro, a oposição já pediu a demissão imediata do governante. Questionado pelos jornalistas, Sigmundur Gunnlaugsson garantiu que nunca escondeu nada. "Estão a querer transformar uma coisa suspeita quando não há suspeitas". De acordo com primeiro-ministro, a empresa aparece depois de a mulher ter vendido parte de uma empresa. O dinheiro foi entregue ao banco, que o geriu desta forma. Na entrevista, acabou mesmo por abandonar a sala.
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Também na Austrália, depois da divulgação dos "Documentos do Panamá" as autoridades estão a investigar 800 cidadãos por possíveis evasões tributárias, alegadamente envolvidos em esquemas de corrupção com 'offshores', divulgada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
A Bélgica, México e Costa Rica juntaram-se à Austrália e Panamá na intenção se verificar de existem delitos fiscais nos respetivos países. Em Bruxelas, o ministro das Finanças da Bélgica, Johan Van Overtveldt, assumiu estar "muito impressionado" com o "escândalo" e criou uma comissão especial para investigar eventuais fugas de impostos de pelo menos 732 cidadãos belgas.
Segundo o jornal Le Soir, entre os belgas mencionados figuram artistas, aristocratas e herdeiros de patrimónios familiares, médicos, farmacêuticos, contabilistas, líderes do setor têxtil, académicos e personalidades dos mundos da comunicação, negócio de diamantes e da indústria.
O presidente suspenso da UEFA, Michel Platini, apontado como proprietário de uma sociedade 'offshore' no Panamá, garantiu hoje que tem a sua situação fiscal regularizada com o fisco suíço.