Extrema-direita regressa ao parlamento, o que ocorre pela primeira vez desde a II Guerra Mundial.
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A chanceler Angela Merkel (CDU, 33,5% dos votos, 221 lugares) assegurou este domingo o quarto mandato consecutivo, após as eleições legislativas que colocam a extrema-direita (Alternativa para a Alemanha, 13%, 86 lugares) no parlamento alemão pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, segundo os dados conhecidos logo após o fecho das urnas.
Segundo uma sondagem divulgada pela televisão pública ZDF, a CDU lidera, os sociais-democratas do SPD (20%), de Martin Schulz, conquistam o segundo lugar e o partido Alternativa para a Alemanha (AFD) passa a ser a terceira força política.
O partido liberal (FDP) chegará aos 10%, de acordo com os dados divulgados por aquela cadeia televisiva, aquando do encerramento das assembleias de voto, enquanto a esquerda e os Verdes ficarão empatados com 9% dos votos.
Esses resultados são muito semelhantes à sondagem divulgada ao mesmo tempo pela televisão ARD, que atribui ao bloco conservador 32,5% dos votos, seguido pelo Partido Social Democrata, com 20%, e da AFD, com 13,5%.
"Marcação" a Merkel
Numa primeira reação, o partido Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita nacionalista e anti-imigração, prometeu "mudar o país" e fazer "marcação" à chanceler.
"Nós vamos mudar o país, vamos fazer marcação à senhora Merkel, vamos recuperar o nosso país", disse Alexander Gauland, um dos cabeças de lista do partido.
Se estas previsões se confirmarem, há apenas duas opções para uma possível aliança governamental: ou a reeleição da grande coligação com os sociais-democratas, como a liderada na última legislatura de Merkel, ou uma coligação tripartida inédita, entre o partido da chanceler Merkel, os Verdes e o FDP.
Estas percentagens, caso de confirmem, representam o naufrágio do SPD, sob a liderança de Martin Schulz, naquele que poderá ser o pior resultado na história do partido.
Os principais partidos também sofreram um declínio acentuado em relação às eleições gerais de 2013, ano em que a União Democrata Cristã de Merkel e o seu aliado na última legislatura (CDU/CSU), obtiveram 41,5% e o SPD 25,7%.
Bundestag com seis grupos parlamentares
A esquerda foi a terceira força mais votada, com 8,6%, enquanto os Verdes obtiveram 8,4%. Tanto o FDP como o AFD, então um partido essencialmente eurocético, ficaram umas décimas abaixo do limite mínimo de 5% exigido para a eleição parlamentar.
Caso estes resultados se confirmem, o próximo Bundestag terá seis grupos parlamentares e, portanto, será o mais diversificado em termos de número de formações desde a década de 1950.
Merkel chegou ao poder em 2005 depois de derrotar o então chanceler Gerhard Schroder, tendo depois derrotado Frank-Walter Steinmeier, em 2009, e Peer Steinbrück, em 2013.
Quase 62 milhões de alemães foram chamados às urnas para eleger o próximo governo. As urnas abriram às 08h00 locais (07h00 em Lisboa) e encerraram às 18h00 (17h00).