
TSF
O voto pela negativa, não sendo maioritário, é decisivo. Para evitar que chegue ao poder quem o eleitor não quer, basta a decisão de não votar nesse partido?
Corpo do artigo
As sondagens erram muitas vezes no dia das eleições porque estavam certas nos dias de campanha. Na verdade, o que as sondagens nunca poderão saber é o que os próprios eleitores ainda não sabem. Por isso, o que os estudos de opinião vão ter procurar conhecer com mais exactidão, em futuras eleições, é o tipo de dúvida dos indecisos.
Entre os que ainda nem sequer decidiram se vão votar e os que tendo como certo que o vão fazer, mas não sabem em quem, há uma grande diferença. E entre os que vão votar, mas não sabem como, pesa mais o factor negativo. Ou seja, há muita gente que já sabe com toda a certeza quem não quer no governo, embora esteja longe de decidir a quem vai confiar o seu voto. Este factor negativo é ainda mais evidente entre os que estão na disposição de deixar de votar, porque "eles são todos iguais". Os indecisos é que não são todos iguais.
Dito isto, retomo a questão do voto útil. É evidente que uma eventual vitória do PS se joga cada vez mais no voto contra a vitória da coligação, entre indecisos que vão votar à esquerda mas não sabem ainda em quem. É preciso perceber igualmente que a coligação também procura o voto útil entre os indecisos, que sabem que não querem o PS no governo, mas que não sabem ainda se vão votar. Toda a campanha da PAF assenta na mobilização deste eleitorado que teme o regresso da instabilidade.
Parece lógico que, com sondagens que empatam as candidaturas, a probabilidade de uma vitória do PS é superior à probabilidade de uma vitória da PAF. Em primeiro lugar porque é mais fácil cativar o voto de quem já decidiu votar, do que o voto de quem ainda não decidiu se o vai fazer. Em segundo lugar porque os estudos de opinião também mostram que a maioria dos portugueses avalia negativamente o actual governo, o que significa que entre os indecisos também deverá existir esta maioria.