
João Cravinho
Arquivo DN
João Cravinho alertou que a grande corrupção e o crime estão a aumentar em Portugal e mostrou-se também preocupado com a independência do Tribunal de Contas e do recém-criado Conselho para a Prevenção da Corrupção.
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João Cravinho lançou, este domingo, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, duras críticas às medidas tomadas contra a corrupção, como resposta às suas propostas, que o PS rejeitou, e alertou que a grande corrupção e o crime estão a aumentar.
O que se tem dito é que «estamos numa situação muito complicada e em crescendo» no que se refere à «grande corrupção política», disse o autor de um pacote legislativo sobre corrupção, que deixou no Parlamento antes de ir para Londres para a direcção do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento.
O ex-ministro das Obras Públicas do governo de António Guterres mostrou-se também preocupado com o recentemente criado Conselho para a Prevenção da Corrupção (CPC), considerando-o «uma entidade de forte pendor governamental» em que alguns membros «vão ser juízes em causa própria».
Este organismo vai estar na dependência do Tribunal de Contas, mas o facto de dos oito elementos que o compõem só três terem Estatuto de Independência merece muitas criticas do socialista, para quem a própria independência do Tribunal de Contas «não é favorecida» pelo facto de ter «o presidente a presidir a uma comissão que é de pendor governamental».
«Eu olho para aquele CPC e penso que nem sequer é uma cereja em cima do bolo, porque não há bolo, não há cereja, não há nada. É evidentemente uma entidade de forte pendor governamental», frisou.
«Depois, para um problema tão complicado, profundo e complexo como a corrupção, este conselho é constituído por gente que vai a sessões e mais nada. Não tem ninguém a tempo integral ou parcial. Vão a sessões por inerência como vão a dezenas de outras e ganham uma senha de presença», acrescentou.
Entretanto, a TSF tentou obter um comentário do Partido Socialista a estas declarações, mas o porta-voz do partido, Vitalino Canas, remeteu qualquer comentário para mais tarde.