
José Coelho/Lusa
O ex-presidente da Câmara do Porto diz que os dois partidos não mandam no Governo, mas são "absolutamente decisivos" no passar da linha vermelha. E aponta contradição na demissão da CCDR
"É evidente que o BE e o PCP são elementos decisivos no passar da linha vermelha, se o PS não precisasse dos votos parlamentares do BE e PCP não estaria a fazer as coisas da forma acelerada como está a fazer, estaria a fazer as coisas de forma mais calma", disse o social-democrata, no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Segundo Rui Rio, o governo passou a linha vermelha não porque o PS quisesse, mas porque foi obrigado a passa-la por força do BE e PCP.
"Eu acho que o caminho que é seguido, por exemplo, no alívio da austeridade é o caminho correto, a velocidade a que está a ser feito é que não é correta e está a pôr em causa o atingir de determinados objetivos fundamentais do ponto de vista macroeconómico", disse.
O antigo presidente de câmara considerou que o caminho que a economia está a tomar, sem ser um caminho dramático, não é o caminho adequado, frisando que o rumo deveria ser o reforço das exportações e do investimento e, atualmente, não é o que está a acontecer.
Quando questionado sobre qual o estado da Nação, Rui Rio salientou que no patamar político e, ao contrário do que seria de prever, "até existe alguma estabilidade".
"Existe uma maioria que se formou, podemos gostar ou não gostar, e o Governo pode cair, mas não se prevê que caía no imediato", disse Rui Rio.
UMA CONTRADIÇÃO
O ex-autarca do Porto, Rui Rio, disse que é uma "contradição" o Governo demitir o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e, depois, defender que o cargo deve ser eleito por todos os autarcas.
"Não compreendo como é que, por exemplo, o presidente da [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] CCDR-N é demitido esta semana, tendo ele o apoio maioritário dos autarcas da região Norte, e é demitido pelo Governo que, ao mesmo tempo, diz que aquele lugar deve ser eleito pelos autarcas todos, há aqui uma contradição", frisou o social-democrata na segunda-feira à noite, durante a sua intervenção no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.