A TSF foi tentar perceber os impactos nos serviços das câmaras de Faro, que adotou as 35 horas só a partir de novembro, e a de Matosinhos, que nunca implementou as 40 horas.
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Amanhã há debate na especialidade dos projetos da esquerda para o regresso das 35 horas de trabalho semanais, algo que a função pública quer ver aplicado de imediato, sob pena de entrar em greve.
A Frente Comum, afeta à CGTP, anunciou ontem com uma greve para dia 29 deste mês e há outros sindicatos que ponderam fazer o mesmo.
Os partidos da esquerda estão em sintonia quanto às 35 horas, não concordando apenas com a altura em que a medida deve ser reposta. O PS quer a lei em vigor a partir de 1 de julho, mas o PCP e Bloco de Esquerda não estão dispostos a esperar tanto tempo.
O governo avisa que vai ser preciso prever e controlar os riscos de forte impacto no aumento da despesa pública, como a possibilidade de compensar a redução das horas de trabalho com o pagamento de trabalho suplementar.
Na Câmara Municipal de Faro, até final de outubro aplicaram-se as 40 horas de trabalho semanais. A produtividade não aumentou e o descontentamento entre os trabalhadores cresceu. Até outubro, muitos trabalhadores optaram por cruzar os braços durante a última hora do dia, garantindo que nada tinham para fazer.
Rogério Bacalhau, o presidente da câmara social-democrata, admite que a melhoria só foi notória nas escolas, no trabalho das auxiliares. "Nas escolas não podemos ter mais pessoas, portanto temos o mesmo número, com menos horas, a fazer a mesma coisa", diz o autarca.
Desde novembro, nesta autarquia, a implementação das 35 horas semanais obrigou a uma melhor organização dos estabelecimentos de ensino. No entanto, nesta câmara municipal, agora com menos uma hora de trabalho por dia, o presidente admite que o ânimo dos trabalhadores é outro. "As pessoas andam mais agradadas no trabalho e isso também é positivo".
A Norte, a Câmara Municipal de Matosinhos nunca implementou as 40 horas. Correia Pinto, vereador responsável pelos Recursos Humanos considera que não se justificaria aumentar o trabalho sem aumentar igualmente a remuneração. Esta câmara, onde os autarcas foram eleitos numa lista independente, só se recorre às horas extraordinárias em casos estritamente necessários. "Em situações de emergência, com a que ocorreu no fim de semana passado, em que o temporal obrigou os funcionários a virem trabalhar", adianta.
No entanto, ressalva o autarca, "essas situações são extraordinárias e não estão dependentes dos funcionários terem um horário de 35 ou 40 horas semanais".