Na entrevista TSF/DN, Costa garante ter recebido bons sinais de Juncker e Draghi, mas reconhece que há obstáculos na Europa. Mas não admite que entre capital privado na CGD.
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António Costa garante que não cederá a permitir a entrada de capitais privados na Caixa Geral de Depósitos. Na entrevista TSF/DN, o primeiro-ministro afirma que teve já "a oportunidade de transmitir ao presidente Juncker", líder da Comissão Europeia, "a opinião do Governo português sobre essas matérias". E deixa um sinal positivo: "Registei com muita satisfação a opinião do Presidente Juncker sobre essa matéria".
Na quinta-feira, Costa teve um almoço com Draghi - e também uma reunião com ele no Conselho de Estado. E sinaliza que também não teve maus sinais do presidente do BCE: "Como é sabido as reuniões do Conselho de Estado são reservadas, mas o sr Draghi deixou muito claro no Conselho de Estado qual é a sua opinião sobre essa matéria".
A opinião do Governo português é que é clara: "Prevendo os tratados da União Europeia que os Estados são livres de decidir ter um banco 100% público, eles não podem ser aliviados de cumprir os mesmos rádios de capital que os bancos privados (isso seria distorcer a concorrência), mas não podem ser também os únicos bancos impedidos de ser recapitalizados."
O problema pode estar, mesmo assim, na Direção Geral de Concorrência (DG Com) da União Europeia, que levanta problemas por a CGD não ter pago ainda ao Estado o que o anterior Governo colocou na Caixa, sob a forma de obrigações convertíveis. Sem o pagamento desses 900 milhões, em teoria o Estado terá dificuldades em colocar mais dinheiro na instituição - pelo menos sem medidas particularmente duras de reestruturação interna. "É uma instituição com a qual, infelizmente, há muito pouca articulação", assume o primeiro-ministro na entrevista, feita no Porto, na Cooperativa Árvore.
Recorde-se que a DG Com é o organismo que mais empurrou o atual Governo para a resolução e venda rápida do Banif ao Santander, num processo que está agora a ser avaliado em Comissão de Inquérito Parlamentar.
Aqui a entrevista, na íntegra, a António Costa.