
Ana António / TSF
No caso de Tancos, o PCP defende "mudança de política" e apuramento de responsabilidades "em toda a extensão". OE 2018: João Oliveira trava a pressa do BE: "É preferível demorar e ter boas conclusões"
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"Se no apuramento que vier a ser feito da situação, se identificarem responsabilidades diretas deste ministro da Defesa, naturalmente a responsabilidade política deve ser assumida na extensão que se vier a revelar. Mas o que nos parece mais relevante é considerar as opções políticas que apontem um caminho alternativo", em entrevista à TSF, com muitas cautelas, João Oliveira, líder da bancada do PCP, insiste que "mais importante do que as pessoas são as políticas".
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Da audição parlamentar do ministro da Defesa, o PCP espera saber "que condições contribuíram para que o furto pudesse ocorrer com sucesso"
Mas na leitura do PCP, a causa reside na política seguida "ao longo dos últimos 40 anos".
"É preciso um caminho alternativo garantindo às Forças Armadas não só as capacidades materiais e de pessoal, mas aos militares os direitos associados à sua condição".
"Sem luta não há alteração na política"
Apesar de nas última semanas, se terem tornado mais visíveis as iniciativas de protesto e reivindicação na rua, João Oliveira garante que a "dinâmica de luta nunca deixou de existir", durante os primeiros anos da governação da nova maioria.
"É natural que a partir do momento em que os salários e horários laborais são repostos, a dinâmica da luta tem isso em consideração", explica o líder parlamentar do PCP para quem a luta "é decisiva" e a ação institucional "é complementar".
OE 2018: "É melhor não fazer discussões à pressa, com maus resultados"
João Oliveira coloca um travão na pressa demonstrada pelo Bloco de Esquerda
"Se há vantagem em começar a fazer a discussão mais cedo, é obvio que há se é se é possível concluir antes de agosto é claramente impossível", considera o líder da bancada comunista, com uma farpa para o BE:
"É preciso colocar cada coisa no tempo e no espaço adequado. É preferível termos uma discussão feita de forma mais demorada com boas conclusões do que feita à pressa mas com más decisões".
O PCP sublinha que "verdadeiramente não existem questões novas a discutir no OE 2018", trata-se de "insistir e matérias já identificadas noutras discussões orçamentais", como a política fiscal, ou a recuperação de rendimentos e direitos.
O PCP mantém que os "avanços ainda são insuficientes", mas cita o aumento das pensões entre seis e dez euros, e a entrada livre nos museus aos domingos e feriados, como exemplos de medidas que resultaram da pressão comunista.
Concertação social "não faz leis"
Numa altura em que o Governo do PS remete para a Concertação Social, por exemplo, a questão da caducidade da contratação coletiva, o PCP insiste que era em sede parlamentar que a decisão devia ser tomada.
"Na atual correlação de forças é preciso assegurar que se criam condições na Assembleia da República, porque remeter para a concertação social decisões desse tipo é dar às confederações patronais direito de veto", insiste João Oliveira.