Líder da JS reconhece que temas fraturantes podem ser "difíceis" para o Governo
Moções sobre drogas leves ou prostituição são apresentadas no Congresso. João Torres diz que António Costa é "um homem progressista", mas admite que há temas que podem ser delicados para o Executivo.
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"O secretário-geral do PS é um homem progressista e reformista. Não estou absolutamente certo de que estas moções recebam a sua concordância, ou não. Percebo que há aqui alguns argumentos formais difíceis para o Governo", afirma João Torres.
Durante o 21º. Congresso Nacional do PS, que começa esta sexta-feira, o líder da Juventude Socialista vai apresentar duas moções sobre temas da chamada "agenda fraturante": uma sobre despenalização da produção, venda e consumo de drogas leves; e outra para a regulamentação da prostituição.
Sobre o texto "Legalização e regulação das drogas leves em Portugal", João Torres salienta que há convenções das Nações Unidas "a que Portugal está adstrito" e que podem constituir "um entrave a que o secretário-geral do PS possa abraçar estas ideias", mas, o líder da JS sublinha que depois de o debate estar a ser feito há muito tempo na sociedade portuguesa, deve também ser discutido dentro do partido.
"Quero que a minha geração se reveja num Partido Socialista de causas progressistas", acrescenta.
Em declarações à TSF, João Torres sublinha ainda que a proposta de despenalização das drogas leves, e em particular da canábis não procura apenas regular o consumo e arrecadar receita para o estado, mas, sobretudo, zelar pela saúde pública e proteger o consumidor.
"É uma questão de princípio, que tem a ver com o facto de eu não considerar a canábis 100 por cento segura e, por isso mesmo, exigir que o Estado tenha um papel na forma como ela é transacionada, para assegurar a saúde pública e condições mínimas de segurança a quem consome", defende o líder da JS.
Já sobre a moção que propõe regulamentar a prostituição, João Torres defende que "esconder o problema" não é solução, já que, hoje em dia, os trabalhadores do sexo podem fazer descontos" pela porta do cavalo".
"Queremos reconhecer esses direitos, que são direitos sociais, de forma totalmente aberta e cristalina", insiste.
"PS não tem ficar alheio ao tema da eutanásia", diz Maria Antónia Almeida Santos
No congresso, vai ser ainda apresentada uma moção sobre a eutanásia, um texto que tem como primeira subscritora a deputada socialista Maria Antónia Almeida Santos e que propõe a criação de um grupo de trabalho para discutir a despenalização da morte assistida.
Ouvida pela TSF, a deputada defende que o debate sobre a matéria terá de ser feito e que, por isso, mais vale cedo do que tarde.
"O tema vai aparecer, seja em forma de iniciativa ou de debate. Vai aparecer não tarda, não sei em quanto tempo, mas nesta legislatura, certamente, e, portanto, eu acho que o PS não tem de ficar alheio ao tema", afirma.
A deputada lamenta ainda o tempo dado para a discussão do texto e das restantes moções setoriais durante o congresso: "Destinaram-nos três minutos para cada moção, que é muito pouco, lamento, mas em relação a outros congressos há uma evolução tímida. Não é o ideal, mas já é alguma coisa".